domingo, 9 de novembro de 2008

ENTREVISTA 50 ANOS TEATRO OFICINA

Aos 50, Oficina continua encenando o novo
ÁLVARO KASSAB
O Oficina, um dos grupos teatrais mais importantes do país, es¬tá completando 50 anos. Para comemorar a data, o Arquivo Edgard Leuenroth (AEL) vai promover, no dia 5 de novembro, uma homenagem que reunirá o diretor, dramaturgo e a¬tor José Celso Martinez Corrêa, criador e líder da companhia, e os professores Marcelo Ridenti (IFCH/Unicamp) e Armando Sérgio da Silva (ECA/USP). O encontro, que começa às 15 horas, acontecerá no Auditório I do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. O AEL é depositário de boa parte da memória do grupo paulistano. Em 1987, a Universidade adquiriu toda a documentação reunida pelo Oficina até então. O material havia sido retirado do país depois da invasão da companhia pela Polícia Federal, durante o regime militar. Com a abertura política, seus integrantes trouxeram os documentos de volta para o Brasil.
“O conjunto documental registra a trajetória do grupo e permite conhecer suas montagens, ao mesmo tempo em que serve como testemunho de momentos im-portantes da vida político-cultural brasileira. Reúne milhares de fotos, roteiros, escritos diversos, diários de direção, textos teatrais, convites, cartazes, agendas, material de imprensa, recortes de jornais, filmes e vídeos”, atesta a socióloga e professora Elaine Marques Zanatta, uma das supervisoras do Arquivo Edgard Leuenroth desde 1991.
O Fundo Teatro Oficina, observa Elaine, é um dos mais procurados do AEL, constituindo-se em fonte de pesquisa de docentes, estudantes e pesquisadores de todo o país e do exterior. Parte do material fotográfico do Fundo poderá ser visitada em exposição virtual que o Arquivo vai colocar no ar em sua página (veja no quadro de serviço), em homenagem ao cinqüentenário da companhia. A mostra foi organizada pela própria Elaine e pelas funcionárias Maria Dutra e Marilza Aparecida da Silva. O AEL é dirigido pelo professor Fernando Teixeira da Silva.
Na entrevista que segue, o professor Armando Sérgio da Silva, da Escola de Artes Dramáticas da USP (ECA), fala da importância do Oficina na cultura e na cena teatral brasileira.
Jornal da Unicamp – O Oficina mimetizou muitas influências que vão, entre outras, de Artaud ao ideário modernista. Entretanto, adquiriu – e levou adiante – uma linguagem própria, sem renegar essas contribuições. Quais os pontos que o senhor destacaria dessas conexões e da identidade construída pela companhia?
Armando Sérgio da Silva – O Oficina sempre foi considerado uma espécie de sismógrafo registrando o que havia de novo. Ao longo de sua história, esteve invariavelmente ligado a pesquisas realizadas no âmbito do teatro internacional. O grupo surgiu dentro da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Durante a fase amadora, que durou de 1958 a 1961, encenaram peças fundamentalmente autobiográficas que enfocavam a origem pequeno-burguesa de seus principais componentes.
Destacam-se nesta fase o Teatro a Domicílio, época em que faziam algumas peças curtas na casa de pessoas ricas para angariar fundos e a participação em festivais, num dos quais o grupo foi premiado com apresentações no Teatro de Arena. É justamente em razão desta aproximação, principalmente com Augusto Boal, que havia feito o curso no Actor’s Studio, que vem a primeira fase de pesquisa denominada por mim de “assimilação de técnica e cultura contestatória norte-americana”.
Nesta época destacou-se a montagem de A Vida Impressa em Dólar, de Cliford Odets, que marcou a estréia profissional do grupo junto com a construção do teatro da Rua Jaceguai. Logo depois o grupo passa a ter influência de [Constantin] Stanislavski, via Eugenio Kusnet, que havia sido aluno no Teatro de Arte de Moscou. A encenação de Os Pequenos Burgueses [1963], de Máximo Gorki, é considerada uma das melhores montagens do realismo no teatro brasileiro. Em seguida, José Celso Martinez Corrêa [Zé Celso] vai fazer estágio no Berliner Ensemble, a casa de Bertolt Brecht. Quando ele volta, passa a encenar um teatro mais engajado, de cunho político-social. Isso fica demonstrado em dois espetáculos: Andorra [1964], de Max Frisch, e Os Inimigos [1966], de Máximo Gorki.
Na verdade, todas essas influências não eram assimiladas simplesmente de um modo didático. Elas eram “antropofagizadas” pelo grupo, sobretudo por Zé Celso, que era o mais inquieto deles. Em seguida, eles vão fazer um curso no Rio de Janeiro com Luis Carlos Maciel, que pregava um trabalho mais de fora para dentro. Vem daí a idéia de encenar O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, que, na minha opinião, representava a estética mais próxima do Oficina na época – sua marca era a cultura brasileira. Eles buscavam uma estética de interpretação brasileira, baseada na chanchada, no circo etc. Na minha opinião foi o espetáculo mais original do grupo.
JU – Qual foi, na sua opinião, o papel do grupo na eclosão do tropicalismo? Em que medida as manifestações levadas a cabo pelo Oficina se diferenciaram ou se aproximaram das registradas em outros campos, entre os quais a música, o cinema, as artes plásticas etc?
Armando Sérgio da Silva – Na verdade, Caetano Veloso começou a compor e a pensar no tropicalismo dentro do Oficina. A encenação de O Rei da Vela foi, sem dúvida nenhuma, a origem do movimento. A influência, portanto, é direta. O que era o tropicalismo? Era a coisa da contracultura, do “desbunde”, entre outros elementos, todos presentes em O Rei da Vela e, de certa maneira, nas artes plásticas, no cinema – Glauber Rocha, por exemplo – e em outras áreas da arte. Tratava-se, na verdade, da ponta do iceberg. Era o pessoal que estava na vanguarda, que buscava a retomada da cultura brasileira por meio do Manifesto Antropofágico e de outros elementos. Tudo isso criou uma identidade comum que desaguou no movimento.
JU – Algumas das peças do Oficina despertaram a reação de setores conservadores e de parte da crítica, embora suas encenações jamais se enquadraram no figurino clássico do engajamento. A que o senhor atribui essas reações?
Armando Sérgio da Silva – Na verdade, quando o Oficina parte para o deboche, para a coisa mais ofensiva, menos racional, o grupo amplia o espectro da obra do Brecht, cujo teatro foi feito para reflexão. E Zé Celso, naquele momento, estava querendo mais um teatro voltado para a contracultura e que desestruturasse um pouco uma discussão apenas racional sobre a realidade do país.
Nesse sentido, Zé Celso começa a pensar um pouco nas coisas do [Antonin] Artaud, ou seja, voltadas para a participação e o envolvimento da platéia e não simplesmente apenas para o seu componente, digamos, contemplativo. O que aconteceu? Parte da crítica reagiu negativamente. Paulo Mendonça, por exemplo, crítico da Folha de S. Paulo, não foi assistir Roda Viva. Ele temia ser agredido... Roda Viva, nesse sentido, foi muito contestada.
Até O Rei da Vela, as coisas não funcionavam assim. Os parâmetros críticos eram mais flexíveis, até porque o filão era Oswald de Andrade. Na verdade, Zé Celso não foi contra a obra de Oswald. Segundo Décio de Almeida Prado, por exemplo, ele foi além. Com poucas exceções, a crítica aceitou o espetáculo.
Já em Roda Viva houve realmente uma cisão. Tratava-se de um espetáculo muito violento do ponto de vista conceitual. Os críticos boicotaram, alegando que a montagem era uma agressão. O próprio Anatol Rosenfeld dizia que Zé Celso estava agredindo e que ele pressupunha que haveria o revide, o que na verdade aconteceu.
JU – O senhor está se referindo à reação de grupos ligados ao regime militar?
Armando Sérgio da Silva - Exatamente. O Comando de Caça aos Comunistas [CCC], por exemplo, invadiu o teatro e espancou os atores. O que alguns críticos previam, portanto, acabou por acontecer. O público brasileiro da época não estava acostumado com a linguagem, com a comunhão proposta pela companhia. Parte da sociedade sentia-se profundamente agredida com Roda Viva. O espetáculo não atingia o aspecto político no campo da luta de classes, mas pegava pesado no aspecto moral.
A partir de Roda Viva, apesar de alguns retrocessos, Zé Celso trilhou um caminho sem volta. Havia um divisão muito grande entre os líderes do Oficina. Fernando Peixoto, por exemplo, era mais racional, enquanto Zé Celso era mais de vanguarda, atirado.Os espetáculos subseqüentes foram fruto, de uma certa maneira, dessas discussões. Zé Celso não se enquadrava.
O Oficina e muitos outros seguidores do tropicalismo – Caetano, inclusive – eram vistos com desconfiança por todos os lados, inclusive pela esquerda. Eles pregavam uma revolução não apenas política, mas também de comportamento.
A provocação, portanto, não era só ideológica e de luta de classes, o que irritava mais ainda setores da direita. Havia uma tentativa, por parte do Oficina, de confrontar a moral cristã. O resultado foi o choque, mesmo porque o discurso da direita era calcado na família, na tradição e na propriedade – basta ver as passeatas e as manifestações da época. E o Oficina mexia profundamente com esse tripé.
JU – As décadas de 60 e 70 foram pródigas em encenações renovadoras na cena teatral brasileira. Nesse contexto, o que diferenciava o Oficina do Arena?
Armando Sérgio da Silva – Os dois grupos foram fundamentais na renovação do teatro brasileiro. O Arena era muito ligado ao Partido Comunista. Toda a estética do Arena estava fundamentada na dialética marxista. Os espetáculos dirigidos pelo Boal eram maravilhosos – eu comecei a fazer teatro por causa de suas peças, que eram realmente inovadoras. Trata-se de uma estética alegre, fantástica, cujo sentido era dialético, brechtiano mesmo. O teatro era visto como reformador da sociedade. O Oficina era o contrário. Seus integrantes não sabiam muito bem qual era a verdade – eles usavam o espetáculo para entender o processo. Essa é uma diferença importante: enquanto o Arena era o dono da verdade, o Oficina a procurava. E, nessa busca, eles se auto-imolavam, quase que se destruíam...
Se para o Arena o teatro servia como instrumento de educação do povo, para o Oficina o teatro servia como instrumento de revolução de seus próprios integrantes. Era, portanto, uma revolta existencialista com reflexos políticos na medida em que eles faziam parte da sociedade, da classe média. Eram todos pequenos burgueses. Em resumo: enquanto o Arena ensinava uma ideologia, o Oficina procurava descobrir uma ideologia possível. Tanto é assim que mais tarde passaram por Grotowisk – Na Selva das Cidades, para quem a personagem não é um fim mas um meio, uma espécie de bisturi para que o ator se modifique e se reconheça melhor – e acabaram chegando ao Te-ato (Gracias Señor), que significava tirar a máscara na procura de um novo tipo de relacionamento entre as pessoas, ou seja, o fim do “Teatro Instituição”.
JU - O Oficina encenou ao longo de sua história autores de matizes muitos diferentes, mas manteve-se – e mantém-se – na vanguarda. Como seus integrantes conseguiram preservar essa proposta?
Armando Sérgio Silva – É preciso deixar bem claro que o sucesso do Oficina não era apenas o Zé Celso. Foi, na verdade, a confluência de cabeças que se digladiavam com freqüência. Além dele, em diferentes momentos, havia Eugenio Kusnet, Renato Borghi, Fernando Peixoto, Ítala Nandi e muitos outros. Havia uma troca muito grande. Na verdade era um processo dialético.
Todo grupo que tenha uma liderança muito forte, no qual não existam cabeças que possam contestar essa liderança, acaba ficando burocrático. É o que acontece hoje com alguns grupos de São Paulo. No Oficina, não. Havia em seu interior uma briga sem trégua. Essa cisão os impulsionava. Isso não é fácil de acontecer. Essa congruência resultou na própria dimensão adquirida pelo grupo. O debate sobre o teatro predominou o tempo inteiro.
JU – Qual foi, na sua opinião, o maior legado deixado pelo Oficina ao longo dessa trajetória?
Armando Sérgio da Silva – Acho que a principal influência do Oficina é o fato de seu elemento central ser a pesquisa. Eles sempre tiveram liberdade, e jamais se renderam a teses já estabelecidas. Nunca fizeram concessões. Na verdade, a companhia é uma atitude. Seus integrantes sempre buscaram o diálogo com o público e sempre pensaram o teatro como uma coisa em evolução. E o Oficina continua polêmico e com uma pesquisa bastante consistente e original, embora evidentemente não seja mais o único grupo a fazê-la.
JU – Em que medida, na sua opinião, as pesquisas acadêmicas têm colaborado para o surgimento de espetáculos esteticamente mais ousados?
Armando Sérgio Silva - Sou muito otimista em relação à pesquisa no teatro. No momento, por exemplo, dirijo o Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator [CEPECA] na USP. São vários jovens, cada um com uma linha de pesquisa, que terão, como resultado, espetáculos. Evidentemente que todas essas pesquisas terão resultados mais consistentes mais lá na frente. Não tenho dúvida de que elas podem inclusive representar, em alguns anos, uma importante contribuição para o teatro brasileiro.
JU – O rebote acontecerá mais adiante.
Armando Sérgio da Silva – Exatamente. Na pesquisa, o resultado nunca é imediato. É preciso ter liberdade e tranqüilidade. É lógico que alguns espetáculos têm resultados parciais, mas não é isso que move a pesquisa. No meu caso, na condição de coordenador, o pesquisador tem toda a liberdade para levar adiante seu projeto.
Vou dar um exemplo: o Lume [Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da Unicamp]. Eu acompanhei o grupo, desde o início. Fui inclusive da banca de doutorado do Luís Otávio Burnier, fundador da companhia. Na época, as pesquisas estavam começando. Hoje, o Lume está apresentando trabalhos que podem ser considerados a cristalização de uma postura. Eu considero o Lume hoje o grupo mais importante do país no que diz respeito à pesquisa acadêmica.
A principal função da academia é difundir conhecimentos, repassando-os para a comunidade. Acho que a universidade é um dos pólos mais importantes de pesquisa das artes cênicas no país. Diferentemente do teatro convencional, essas coisas demoram para se consolidar, mas muitas vezes, em contrapartida, são mais consistentes.
JU – Qual o principal foco de suas pesquisas?
Armando Sérgio Silva – É a coordenação de pesquisadores na área de interpretação. Na verdade, trata-se de uma abertura para o jovem pesquisador ter liberdade. Meu objetivo é que essas pessoas consigam finalizar suas investigações sem a minha interferência. E eu procuro orientar mais em termos de reflexão, não imponho uma metodologia. Como disse anteriormente, tenho atualmente oito pesquisas, nas quais os respectivos espetáculos já vão poder mostrar caminhos. Nos reunimos todas as semanas, discutindo cada um o seu processo. Essas pessoas, no futuro, vão continuar seus trabalhos por conta própria e certamente vão obter resultados muito mais profundos. É um trabalho de longo prazo, sem pressa.
JU - Que avaliação o senhor faz da cena teatral brasileira de hoje?
Armando Sérgio da Silva – Ela é muito difusa. Temos espetáculos de todos tipos – desde os comerciais, passando por “franquias” da Broadway até grupos de muita consistência, como é o caso do Tapa e de Os Satyros ou do próprio Oficina – cometo aqui uma injustiça por não citar todos os grupos importantes. Temos uma riqueza muito grande. Ocorre que, normalmente, a imprensa dá mais valor às coisas digeríveis. Existe lugar para todo mundo, mas era possível uma discussão mais ampla acerca das coisas que não são assim tão digeríveis. Antigamente, eram poucos grupos que faziam pesquisas. Hoje, em São Paulo, temos 40, 50 pesquisas em andamento. Tem tanta coisa acontecendo que o mapeamento total torna-se quase impossível.

Quem é
Armando Sérgio da Silva possui graduação em Artes Cênicas (1970), mestrado em Artes (1980), doutorado em Artes (1987) e livre docência em Interpretação Teatral ( 1999), sempre pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor titular da USP. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Teatro, atuando principalmente nos seguintes temas: teatro, educação, direção, dramatologia, estética, crítica e ensino de interpretação teatral, para o qual possui metodologia própria. Orienta teses de doutorado e dissertações de mestrado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Possui três livros publicados, com destaque para Oficina do Teatro ao Te-ato que já está em sua segunda edição. Foram publicados três livros resultantes de suas orientações. É diretor teatral, dramaturgo e atualmente lidera um Grupo de Pesquisa no Departamento de Artes Cênicas da ECA, denominado Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator (CEPECA), formado por alunos da graduação, mestrado e doutorado. O centro tem como objetivo o desenvolvimento de projetos específicos na área de interpretação, através da aplicação de ações, procedimentos e exercícios visando resultados perceptíveis na cena teatral. Projeta-se também a realização de dissertações, teses, artigos e ensaios para divulgação no âmbito acadêmico.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

CEPECA - TRABALHOS EM ANDAMENTO



CENTRO DE PESQUISA EM EXPERIMENTAÇÕ CÊNICA DO ATOR

OREINTAÇÃO GERAL PROF. DR ARMANDO SÉRGIO DA SILVA

A) HISTÒRICO

Os antecedentes do atual Centro de Pesquisa remontam ao curso de pós-graduação, ministrado pelo Prof. Armando Sérgio da Silva, denominado EXERCÍCIOS ESPECÍFICOS PARA O TREINAMENTO DO ATOR que tratava da preparação do ator, através de fundamentos específicos, para a realização de cenas; desenvolvimento de projetos de pesquisa específicos na área de interpretação; aplicação de ações, procedimentos e exercícios visando resultados perceptíveis em trabalhos práticos e preparação para monografias que contextualizassem espetáculos.

A disciplina contemplou, em sua avaliação final, Mostra de Pesquisa, apresentada ao público em geral, através de cenas/exercícios e Folder com artigos de cada aluno. Em 2006 o professor resolveu dar continuidade ao curso criando um aprofundamento da matéria denominada, agora, EXERCÍCIOS ESPECÍFICOS PARA TREINAMENTO DO ATOR II - O ESPETÁCULO, que tratou da formalização de cenas que tinham como origem o mesmo estímulo, visando a apresentação de um espetáculo teatral no qual seriam patentes e as diferenças entre os procedimentos específicos referentes às pesquisas de interpretação de cada aluno. Matricularam-se oito alunos, cada um aplicou durante o semestre seus procedimentos metodológicos visando a criação de uma cena de aproximadamente 15 minutos. O tema escolhido foi a Cidade de São Paulo, e o ponto de partida estrutural deveria estar ancorado em CONTOS INFANTIS e na estética do MELODRAMA. O espetáculo resultante denominou-se “UM ÔNIBUS CHAMADO S... P...”, apresentado em novembro de 2006, no TUSP.

Em virtude da riqueza dos resultados o referido professor resolveu então fundar, fora do âmbito das disciplinas, o presente Centro de Pesquisa. Em 2007, no Departamento de Teatro da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, e posteriormente em 2008, no TUSP (Teatro da Universidade de São Paulo) foi apresentada uma AMOSTRA didática com esboços de cenas dos futuros espetáculos de cada ator–pesquisador. Projeta-se a apresentação de espetáculos de autoria de cada um dos atores pesquisadores, com procedimentos de elaboração documentados, bem como a realização de artigos em forma de um documentos didáticos, livros, trabalhos digitais, etc.

ESPETÁCULOS PARTICIPANTES DA AMOSTRA

FICHA TÉCNICA

RESUMO DA PESQUISA

CURRÍCULO RESUMIDO DOS PESQUISADORES

v

v É ISSO AÍ, HAMLET

FICHA TÉCNICA:

DIREÇÃO: Candida Palladino

ORIENTAÇÃO: Prof.Dr. Armando Sergio

ASSISTENCIA PARA DIREÇÃO: CEPECA

ELENCO: Candida Palladino

TEXTO: W Shakespeare

ADAPTAÇÃO: Candida Palladino

RESUMO: Filho resolve vingar o assassinato do pai.

Curriculum: Bacharel em Direção Teatral pela Escola de Comunicação e Artes na

Universidade de São Paulo. Mestrado em Artes pela Escola de Comunicação e Artes de

São Paulo, cursando Doutorado em Artes na Universidade de São Paulo com a pesquisa:

Yôga e Tai Chi Chuan compondo a partitura cênica do ator.

PESQUISA: Aplicar os ásanas do Yôga e os movimentos básicos do Tai Chi Chuan nas

improvisações, utilizando estimulos sonoros e visuais, procurando e provocando a

construção cênica do personagem na criação proporcionada por essa relação.


*ANAMÍDIA



v ANAMÍDIA

ficha técnica:

criação e atuação: Débora Zamarioli, Isis Madi e Sandra Pestana

dramaturgia: Isis Madi

direção: Teatro de Senhoritas

figurinos: Sandra Pestana

pesquisa original: Débora Zamarioli

APOIO: FAPESP

sinopse: Contamos, de forma simples e delicada, um dia de uma mulher atemporal. Até

sermos surpreendidas por um rosto, uma boca que sorri e deixa de sorrir, um cheiro

adocicado, um olhar... Somos inundadas e, junto com a personagem, tentamos retornar

à nossa história, ao nosso cotidiano. AnaMídia é livremente inspirado no conto

"Amor" de Clarice Lispector. Este espetáculo é o resultado prático da pesquisa “A

extração e codificação de matrizes corporais através da prática do Body Mind

Centering®.”, de Débora Zamarioli (Programa de Pós- Graduação em Artes Cênicas –

USP, orientação do Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva).

currículos:

Débora Zamarioli - Integrante do grupo Teatro de Senhoritas, Débora Zamarioli é atriz, diretora e pesquisadora amparada pela Fapesp. Desenvolve o projeto de

mestrado, “A extração e codificação de matrizes corporais através da prática do Body

Mind Centering®”, sob orientação do Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva na ECA-USP.

Participa do Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator (CEPECA),

coordenado pelo prof. Dr. Armando Sérgio da Silva no Departamento de Artes Cênicas

da USP. É bacharel em artes cênicas pela Unicamp e bailarina pelo Ballet Carla

Pacheco – Franca-SP. Cursa a especialização Formação em Integração do Movimento

Somático®, ministrado por Adriana Almeida Pees. É preparadora corporal e professora

de disciplinas relacionadas ao corpo no desenvolvimento do ator. Participou de

oficinas e workshops ministrados por Tadashi Endo (Butoh), Zofia Kalinska

(Interpretação), Leszek Madzik (Teatro Visual), Lume

Teatro (Construção do Corpo Dilatado e Corpo como Fronteira), entre outros. Atuou

em espetáculos dirigidos por Marcelo Lazzaratto, Tiche Vianna, Verônica Fabrini,

Renato Cohen, Jean Jacques Mutin, entre outros. Dirigiu o espetáculo “Entre Divas e

Senhoritas” do grupo Teatro de Senhoritas.

Teatro de Senhoritas - O grupo Teatro de Senhoritas é composto por atrizes,

pesquisadoras e produtoras, formadas pelo Curso de Artes Cênicas da Unicamp, é uma

extensão da Companhia Zero Zero, que desde 2000, desenvolve trabalhos conjuntos

através de pesquisas em diversas linguagens com diretores como Matteo Bonfitto,

Verônica Fabrini, Renato Cohen, Isa Kopelman, Marcelo Lazzaratto e Jean Jacques

Mutin. Em 2006, participou do projeto de arte educação “Circuito Estrada a Fora”, do

Teatro de Tábuas de Campinas em parceria com a VISA Net, itinerância pelos estados

de Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Atualmente, o grupo faz

parte do Núcleo de Organização do Feverestival – Festival Internacional de Teatro de

Campinas, que está em sua Sexta edição; produz o grupo The Pambazos Bros de Circo

Teatro, ministra oficinas teatrais e dedica-se aos ensaios dos espetáculos Entre

Divas e Senhoritas e AnaMídia.

Pesquisa:

A pesquisa será construída sobre três pilares: método e prática do Body Mind

Centering®; estudos sobre formas de codificação ou transposição do corpo-cotidiano

ao corpo em Estado Cênico; conceitos e práticas sobre a linguagem performática para

verificar se é possível a extração de matrizes e ações através de um processo

corporal ancorado na prática do Body Mind Centering®.

v FORA DO EIXO - QUARTETT¨



Ficha Técnica:
Realização: CEPECA

INTERLOCUÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO: CEPECA¨

APOIO: FAPESP
Orientação: Armando Sergio
Criação e Pesquisa: Rejane Arruda
Elenco: Rejane Arruda e José Dornellas
Produção: Cia Acting-Out
Texto: Heiner Müller
Tradução: Fernando Peixoto

Resumo:
O espetáculo exacerba as relações de poder entre a Marquesa de Merteuil e o
Visconde de Valmont, personagens do romance de Choderlos de Laclos (sec.
XVIII) As Ligações Perigosas. Enquanto encenam os personagens da vida
social da época, comandam seus destinos e encontram alguma diversão, o
casal trilha os passos que os leva da perversão ao amor.

Currículo:
Rejane Arruda é pesquisadora, atriz, pedagoga e encenadora. Deu aulas no
Teatro Vocacional e criou o projeto O Devir da Linguagem Teatral Enquanto
Experiência Didática (Myriam Muniz/2007). Participa do Centro de Pesquisa e
Experimentação Cênica do Ator, na Pós/Eca/Usp, desde 2006. Dirigiu os
espetáculos Fora do Eixo - Hamlet Machine, Vácuos e Jogando Branca de
Neve. Em cinema participou de O Veneno da Madrugada e Corpo.

Pesquisa:
A pesquisa reflete sobre a inscrição do texto dramático em cena e a
construção da ¨situação de fala¨. Parte de conceitos contemporâneos, como
¨personagem como lugar¨, de Ubersfeld, e a diferenciação entre ¨fala¨ e
¨linguagem¨, do estatuto lacaniano, e intersecta princípios stanislavskianos.
A aplicação do procedimento específico para a apropriação do texto
¨Memorização Através da Escrita¨ permite que a fala seja constituída a partir
da ¨absorção¨ - operação que, em jogo, define uma transformação de
¨forma para forma¨: da forma da estrutura física aleatória `a forma da ação,
com as imagens corpóreas e vocais necessárias para que a fala articule
sentido. Os procedimentos de ¨verbalização¨, assim (tanto a enunciação do
texto dado, quanto a construção de subtextos ou ¨idéias em jogo¨), entram
como auxiliares, possibilitando a ¨absorção¨.

SEPARAÇÃO DE CORPOS

v SEPARAÇÃO DE CORPOS


FICHA TÉCNICA:

Direção: Renata Mazzei

Orientação: Prof. Dr. Armando Sérgio

Assistência para a direção: CEPECA

Elenco: Renata Mazzei

Cenário: Renata Mazzei e Sandra Carezzato

Figurino:Susana Alves

Dramaturgia: Renata Mazzei e Sandra Carezzato

Sonoplastia: Dudu Tsuda


RESUMO

O espetáculo apresenta a trajetória de uma mulher que, ao ser abandona pelo homem amado, passa por diversos estágios emocionais na tentativa de superar a perda amorosa.

RESUMO DA PESQUISA:

A partir das técnicas e princípios da arte marcial japonesa denominada Aikido, elaborou-se um procedimento de trabalho que teve como objetivos: a) através de um treinamento específico, preparar o ator para a cena, desenvolvendo sua pré-expressividade, b) fornecer elementos que estimulem o ato criativo e que auxiliem na construção de um corpo extra-cotidiano.

CURRÍCULO:

Renata Mazzei é atriz formada pelo Teatro Escola Célia Helena (1998) e atualmente desenvolve pesquisa de Mestrado em prática teatral na ECA- USP com o título “O Aikido e trabalho do ator” sob orientação do Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva. Como integrante da Arte Tangível Cia. de Teatro atuou em “Nasus e Flora”, em “Solidão”, de Steven Berkoff, “Sobre Sonhos e Esperança” e “Itãs Odu Medeia”. Como integrante do Centro de Pesquisa de Experimentação Cênica do ator participou como pesquisadora e atriz dos espetáculos “Separação de Corpos” e “A Mulher e o Cisne”.

v AS TRÊS IRMÃS

De Anton Tchéhkov

FICHA TÉCNICA

Adaptação e Direção: Marianne Consentino

Orientação de Pesquisa: Armando Sérgio da Silva (ECA/USP) e Valmor Nini Beltrame (CEART/UDESC)

Elenco: Débora de Matos, Greice Miotello e Paula Bittencourt

Músicos: Cassiano Vedana, Gabriel Junqueira Cabral e Mariella Murgia

Concepção Musical: Cassiano Vedana, Gabriel Junqueira Cabral, Mariella Murgia e Neno Miranda

Cenografia e Figurino: o grupo

Iluminação: Ivo Godois

CURRÍCULO

Marianne Consentino possui graduação em Licenciatura em Artes Cênicas pela UDESC (2004) e mestrado em Artes pela USP (2008). Sócia-fundadora da Traço Cia. de Teatro (2001), de Florianópolis, dirigiu os espetáculos mais recentes do grupo, a peça de rua Fulaninha e Dona Coisa, de Noemi Marinho e As três irmãs, de Anton Tchékhov. Esta última recebeu os prêmios de melhor Espetáculo, Direção e Atriz (para Paula Bittencourt) no Festival internacional de Teatro Universitário de Blumenau (2008).

RESUMO

O espetáculo, fruto da pesquisa de mestrado desenvolvida pela diretora Marianne Consentino, sob orientação do Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva, pela ECA/USP e encenado pela Traço Cia. de Teatro de Florianópolis, aborda o clássico texto do dramaturgo russo Anton Tchékhov a partir da técnica do clown.

A PESQUISA

Seguindo a linha de pesquisa do clown pessoal, na qual o clown não é visto como personagem, mas como a exposição dos aspectos frágeis e vulneráveis do próprio ator, este estudo procurou compreender o processo de contato do ator com suas particularidades e as conseqüências éticas e estéticas propiciadas por este encontro. A pesquisa empírica, realizada juntamente às atrizes Débora de Matos, Greice Miotello e Paula Bittencourt, da Traço Cia. de Teatro, de Florianópolis, resultou na montagem do espetáculo As três irmãs, de Anton Tchékhov, cuja encenação manteve algumas características da técnica clownesca.

v A MULHER E O CISNE

Direção: Laura Lucci

Assistência para a Direção: CEPECA

Orientação: Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva

Elenco: Camila Scudeler

Renata Mazzei

Renata Vendramin

Dramaturgia: Carolina Martins

Texto: dramaturgia inspirada no conto “Castor e Pólux sequer pressentidos” do livro “Contos de Amor Rasgado” de Marina Colasanti:

Figurino: Sandra Carezzatto

Cenário e Objetos de Cena: O grupo

Pesquisa

Objetivou-se neste trabalho, a partir do diálogo e da confluência entre cinco pesquisas diferentes focadas no trabalho do ator, construir um espetáculo. São elas: Exercícios de Interpretação e Técnica de Contação de Histórias como Possíveis Suportes para a Construção de uma Dramaturgia; A consciência do corpo político do ator: a prática de exercícios da biomecânica propostos por Meyerhold como base física na construção da cena; O Corpo Cênico: a Mímica Corporal de Etienne Decroux como base para o treinamento de atores; O Aikido e o Corpo do Ator Contemporâneo; A Questão do Enquadramento no Espaço-Corpo do Ator.

Sinopse

A dramaturgia desta peça é livremente inspirada no mito grego Leda e o Cisne e no conto Castor e Pólux sequer pressentidos, de Marina Colasanti. O enredo trata de três mulheres – Marisa, Iara e Janaína – e suas maneiras de lidar com o amor e a fertilidade.

Currículos:

Laura Kiehl Lucci é é atriz formada pela ECA-USP desde 1991. Estudou em Londres especializando-se em Mímica pela Desmond Jones School of Mime and Physical Theatre em 1997 e pela Ecole du Mime Corporel Dramatique em 2000/2001. Como atriz atuou em diversos espetáculos, entre eles “Narraador” de Rubens Rewald com direção de Adriano Cypriano (1998) e “A Boa Alma de Setsuan” de Bertolt Brecht com direção de Marcelo Fonseca (2005). Leciona no teatro Escola Macunaíma desde 1995. Mestra pela Universidade de São Paulo desde junho de 2007, quando defendeu a pesquisa “O Corpo Cênico e a Mímica Corporal Dramática de Etienne Decroux: reflexões para abordagens contemporâneas” sob orientação do Professor Doutor Armando Sérgio da Silva. Atualmente participa do CEPECA com “...se tenho asas para voar” (atuação) e “A mulher e o cisne” (direção).

Renata Mazzei é atriz formada pelo Teatro Escola Célia Helena (1998) e atualmente desenvolve pesquisa de Mestrado em prática teatral na ECA- USP com o título “O Aikido e trabalho do ator” sob orientação do Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva. Como integrante da Arte Tangível Cia. de Teatro atuou em “Nasus e Flora”, em “Solidão”, de Steven Berkoff, “Sobre Sonhos e Esperança” e “Itãs Odu Medeia”. Como integrante do CEPECA participou como pesquisadora e atriz dos espetáculos “Separação de Corpos” e “A Mulher e o Cisne”.

Renata Vendramin é atriz formada pela Academia de Artes Cênicas Cena Hum de Curitiba. Graduada em Comunicação Social Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, com Especialização Lato Sensu em Cinema e Vídeo com ênfase em baixo orçamento na Faculdade de Artes do Paraná. Tema do relatório reflexivo: A Construção da Personagem Cinematográfica. Como integrante do CEPECA participou como atriz criadora do espetáculo “Um ônibus chamado SP” e do experimento cênico “O Amor Acaba”. Atualmente desenvolve uma investigação pessoal dentro do grupo (A Questão do Enquadramento no Espaço-Corpo do Ator) e participa do Núcleo Experimental do SESI 2008/2009, coordenado pelo bailarino e coreógrafo Carlos Martins.

Camila Scudeler é atriz formada em Artes Cênicas - Bacharelado em Interpretação Teatral - pela Universidade Estadual de Londrina – UEL/PR – e desde 2006 faz parte do CEPECA – Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator (pós-graduação ECA/USP) sob orientação do Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva. Como integrante do CEPECA participou como atriz/criadora do espetáculo “Um ônibus chamado SP” e do experimento “Em busca do desnudamento de abusos do patriarcalismo: a mulher aprisionada”. Atriz integrante do grupo Arlequins desde 2005, atua na obra “pra Não dizer que Não falei das Flores”, além de ter participado como atriz-convidada de “Ausência” e “A mais Valia vai acabar, Seu Edgar”.

sábado, 4 de outubro de 2008

VÍDEO FEITO PELO FILHO SANDRO - 60 ANOS



SESSENTA

SER OU NÃO SER... EIS A QUESTÃO....

CERTAMENTE NÃO SOU MAIS JOVEM

MAS AINDA NÃO ME SINTO VELHO...

OS JOVENS DEVEM PENSAR

O VELHO NÃO QUER ASSUMIR

A ELES EU RESPONDO

CHEGUEM ATÉ AQUI E VÃO ENTENDER ESTE MISTERIOSO,

... NÃO SER OU... SER!

ANTES DOS QUARENTA FIZ UM FILME

SOBRE A MINHA FAMÍLIA, QUE TERMINAVA DIZENDO...

“GRAÇAS A LA VIDA QUE ME HÁ DADO TANTO!”

MAL EU SABIA QUE A VIDA AINDA ME DARIA OUTRO

TANTO OU... MUITO MAIS...

AQUI PRESENTE ESTÁ QUEM ME DEU A VIDA... MEU PAI...

AUSENTE , MAS PRESENTE TAMBÉM, ESTÁ MINHA MÃE...

ESTÃO PRESENTES OS QUE ME CONTINUARÃO A VIDA....

MEUS FILHOS E MINHAS NETINHAS...

ESTÁ PRESENTE AQUELA QUE SEMPRE ME FOI E A QUEM

SEMPRE EU FUI, POR MAIS DE QUARENTA ANOS...

JUNTOS EM TODAS AS ALEGRIAS E, EM ALGUMAS

TRISTEZAS...

SOMOS A MESMA PESSOA... ESTE CASO DE AMOR É

PROVA CABAL DA FRASE CRISTÃ : AMA O OUTRO COMO

A TI MESMO.

ESTÃO PRESENTES, AQUI TAMBÉM, MEUS PRINCIPAIS

PARENTES E AMIGOS.... QUE ACOMPANHARAM MINHAS

AÇÕES EM VÁRIAS FASES DA MINHA VIDA...

PERCEBEM QUANTAS VEZES FALEI A PALAVRA... PRESENTE?

AOS SESSENTA ANOS FINALMENTE ENTENDO PORQUE AS

PESSOAS, NO DIA DO SEU ANIVERSÁRIO, GANHAM

PRESENTES.... OS PRESENTES SÃO AS PRESENÇAS

DE QUEM VOCÊ AMA, DURANTE A VIDA...

GANHO HOJE AS PRESENÇAS DE VOCÊS MEUS AMORES...

E, SE EU TENHO TANTAS PESSOAS QUE ME AMAM... EU

ACHO QUE NÃO TENHO O DIREITO DE SER INFELIZ...

DESSA MANEIRA, AUTORITÁRIA... VOCÊS ME OBRIGAM A

SER FELIZ...

E EU, COM TANDO AMOR QUE ME FOI DADO...

COMPLETAMENTE DERROTADO...

ACEITO DE BOM GRADO ...

A FELICIDADE!

E, SE FELICIDADE É SINÔNIMO DE JUVENTUDE, RESOLVO MINHA QUESTÃO INICIAL... DO SER OU NÃO SER...

HOJE, SOU MUITO MAIS JOVEM DO QUE VELHO.

Armando Sergio, 27 de janeiro de 2006

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

ADAPTAÇÃO DO CONTO DE TCHECOV -1968

Adaptação de Armando Sérgio

Do Conto de Anton P. Tchecov

"A MORTE DO FUNCIONÁRIO"

Personagens:

Funcionário Ivan

Sua Esposa

General

Outros funcionários

Requerentes

Cena I

(Escritório com algumas mesas. Na mesa do centro o funcionário Ivan está com um carimbo na mão. Nas mesas ao lado, todos estão escrevendo, à máquina ou à mão. O trabalho de Ivan, é carimbar os papéis que lhe são entregues e entregá-los ao da mesa ao lado, que por sua vez assina e entrega ao da mesa de trás).

Ação: (No início apenas alguns papéis são entregues a Ivan, porém paulatinamente, o número de entregas a sua mesa vai aumentando e conseqüentemente vai acelerando o ritmo das carimbadas de Ivan, assim como o ritmo de ações de todo o escritório. O ritmo deve ir aumentando até os personagens se confundirem com máquinas, quando num determinado momento toca a campainha e todos devem parar num só instante. Se levantam rapidamente e se dirigem ainda com reflexos dos movimentos que faziam, à porta de saída e entram em fila para assinar o ponto, e na fila...)

Fu. –A

É caro Ivan, sempre a mesma coisa, nada de novo. Hoje para variar, eu vou para casa, janto, leio algumas revistas e... Cama!

Ivan

Para vocês, pode ser assim...

Fu. –A

O que é que houve com você?

Ivan

Hoje eu vou fazer um programa, que... Como eu poderia dizer?... Será um programa de “classe”.

Fu. –B

Já sei! Você vai à alguma reunião da classe.

Ivan

Não: Meu programa vai ser de classe, isto é, importante... “Chic”!

Fu. –A

Está ficando rico por acaso, Ivan?

Ivan

Vocês não imaginam o que eu ganhei

Fu. –C

Fala logo homem! Que eu só de escutar a conversa, já estou curioso.

Ivan

Pois bem... Sentem-se... Um ingresso para a Opera.

Todos

Para a Opera?!?!?


(Ivan chegando em casa)

Esposa

Seu prato está no fogo

Ivan

Obrigado, mas hoje eu estou tão nervoso, que não quero nem jantar. Você limpou minhas botas?

Esposa

Limpei, mas coma um pouco.

Ivan

Você acha que aquele uniforme azul-marinho, vai bem para a Opera?

Esposa

Vai. E se não fosse? Você tem outro bom por acaso?

Ivan

É preciso que eu vá bem apresentável, porque as pessoas mais importantes estarão lá hoje..... Sabe que eu estou até com medo? Está me dando um frio aqui na barriga...

Esposa

Vai ver que é fome?

Ivan

Que fome nada. Não sei como você pode falar em comida, num momento desses

Esposa

(Irônica) Quais serão as pessoas importantes que estarão lá hoje?

Ivan

Ah!... Os generais...Os...E...Sei lá, só sei que os generais vão e hoje, minha cará esposa, ninguém é mais importante do que um general!!

Esposa

Mas os generais não são seus superiores no serviço, são?

Ivan

Diretamente não... Bem, mas eu já estou atrasado...

Até logo e... Reze por mim. (vai saindo)

Esposa

Nossa parece que vai para a guerra... Espera! O lenço!

Ivan

(volta apressado) Quase que eu ia me esquecendo!


(Black – out ou mutação)

Cena – III

(NA OPERA)

(Algumas pessoas estão sentadas, fumando e conversando...............................................

Ivan, mostra-se curioso, maravilhado, boquiaberto...............................................................

Ouve-se uns acordes fortes e entra o General com a esposa, todos murmuram (o general! O general!)

O general o olha assustado e Ivan fica sem jeito e amedrontado

Todos sentam-se ao mesmo tempo. Ivan senta-se atrás do general, visivelmente agitado).

(Inicia-se o espetáculo – Um casal deve cantar uma ópera romântica em dueto... Há silêncio na platéia... Todos estão atentos ao dueto, menos Ivan que olha curiosamente para os presentes)

Num dado momento, Ivan da um violento espirro e o casal que canta da uma violenta desafinada... Todos olham para Ivan, que discretamente tira o lenço e assoa o nariz... O general murmura alguma coisa para sua esposa, tira o lenço e limpa a nuca...

Tudo volta ao normal, Ivan sente-se envergonhado e começa a se preocupar... (Ouve-se seus pensamento em Lay-out).

Ivan

MEU DEUS! EU SALPIQUEI A NUCA DO GENERAL....

ELE NÃO É MEU SUPERIOR DIRETO... MAS É TÃO DESAGRADÁVEL E TALVEZ ATÉ SEJA PERIGOSO... NESSES DIAS DE HOJE... QUEM SABE?


(Ivan pigarreia, inclina-se até o ouvido do general e...)

Ivan

Eu o salpiquei? Vossa Excelência me desculpe... Foi sem querer....

General

Não foi nada.

Ivan

Pelo amor de Deus, general... Eu não teria nenhuma intenção de...

General

Ora! Fique quieto, por favor... Eu quero ouvir!


(Ivan volta a pensar em Lay-out)

Ivan

ELE DISSE “FIQUE QUIETO”, NEM LIGOU PARA AS MINHAS DESCULPAS... TAMBÉM, QUE AZAR O MEU, SALPIQUEI A NUCA DO GENERAL... BEM DO GENERAL O JEITO É ESPERAR O FIM DA OPERA E PEDIR DESCULPAS NA SAÍDA... QUEM SABE SE ELE NÃO LIGOU, PORQUE QUERIA MESMO, OUVIR O DUETO?


(termina o espetáculo, todos cercam o general, mas Ivan abre caminho e chega até ele)

Ivan

Eu o salpiquei... Vossa Excelência perdoa... Eu... Não é que eu... Mas...

General

(Impaciente e sussurrando para Ivan)- Ora! Deixe disso! Eu já tinha esquecido e o Sr. vem com a mesma coisa?


(todos cercam novamente o general e Ivan visivelmente nervoso pensa em Lay-out)

Ivan

ESQUECEU? ESQUECEU NADA, DISSE QUE ESQUECEU, MAS OS OLHOS ESTÃO CHEIOS DE ÓDIO. NÃO QUIS NEM CONVERSAR COMIGO... EU PRECISAVA EXPLICAR, QUE EU NÃO TENCIONAVA... QUE O ESPIRRO É UMA COISA NATURAL QUE A GENTE NÃO PODE EVITAR... SENÃO ELE AINDA VAI PENSAR QUE EU CUSPI DE PROPÓSITO... MAIS TARDE QUANDO ELE ESTIVER MAIS SOSSEGADO, NA CERTA VAI PENSAR SOBRE O ASSUNTO E ENTÃO... SEI LÁ... QUE AZAR MEU DEUS! LOGO COMIGO VAI ACONTECER UM COISA DESSA!...


(Black-out ou mutação)

Cena – IV

(Ivan chega em casa apavorado, pálido, tremendo, senta-se num cantinho do sofá e fica imóvel, sem falar).

Esposa

(entrando) O que é que houve?

Ivan

Desgraça mulher... Desgraça desgraçada!!!

Esposa

Pelo amor de Deus! Não deixa a gente preocupada!

Ivan

É só eu falar e você vai ficar como eu, se não ficar pior...

Esposa

Vai falar, ou não vai?

Ivan

Pois bem, mas antes senta.

Esposa

Bobagem!

Ivan

Senta, senão eu não conto.

Esposa

(Senta-se)

Ivan

(Tétrico) Eu salpiquei a nuca do general

Esposa

(assustada) O quê? Como?

Ivan

Eu salpiquei, você entende? Eu espirrei ranho no pescoço do general.

Esposa

Ele é seu chefe?

Ivan

Não, é alheio

Esposa

Ainda bem... Mas o que? Salpicou o pescoço do general?

(cai na gargalhada) Mas não é maravilhoso!

Ivan

Maravilhoso é? Você não viu a cara que ele fez! Sues olhos estavam cheios de malevolência, quando eu fui me desculpar, mas acho que era porque ele estava com pressa... Não sei como você pode ficar calma depois de saber?

Esposa

Mas se ele é alheio Ivan?

Ivan

Acima de tudo, ele é um militar e ainda mais. Um general e você sabe do que são capazes os generais hoje em dia, não sabe?

Esposa

Fazem nada... Mas em todo caso é bom você voltar lá para se desculpar, senão ele vai pensar que você não sabe se comportar em público... (sai)

Ivan

(Imitando a voz da esposa) Fazem nada... Fazem nada...

Essas mulheres não são capazes de perceberem o perigo por que passa, quando se assoa o nariz em cima de um general nos dias de hoje... Mas amanhã eu boto novamente o uniforme novo e vou ao gabinete do general... Ah! É bom eu cortar o cabelo também... Se eu aparecer lá com cara de gente baixa, é bem capas que não me deixe entrar.


(Black-out ou mutação)

Cena V

(NO GABINETE DO GENERAL)

(Alguns requerentes em fila de fronte a mesa do general, Ivan é o segundo)

General

(p/ o 1º req.) É preciso paciência e fé... Tudo vai se resolver...

1º req.

(Assenta com a cabeça e sai)

General

O próximo!

Ivan

(Nervoso) Ontem lá na Opera, se Vossa Excelência se lembra... Eu espirrei... e sem querer, salpiquei sua nuca... Eu vim aqui para pedir...

General

Mas que coisa sem importância... Eu sou um homem ocupado... O próximo, por favor... O que o sr. deseja...

(Ivan pensa em lay-out)


NÃO QUER FALAR COMIGO... ESTÁ ZANGADO.. CHEIO DE ÓDIO CONTRA MIM... MAS ISSO NÃO PODE FICAR ASSIM... NÃO PODEREI DORMIR, ENQUANTO NÃO DISSOLVER ESSE MAL ENTENDIDO... VOU ESPERAR ATÉ O ÚLTIMO SER ATENDIDO...

(Ivan senta-se e um por um dos requerentes falam em voz baixa com o general e ele a todos dá a mesma resposta...)


É preciso paciência e fé... Tudo vai se resolver...

Tenha confiança................................................................

(Todos os requerentes ao ouvirem a resposta, balançam a cabeça, como vaquinhas de presépio)

(Terminadas as “entrevistas”, o general vai sair, mas Ivan o Alcança)

Ivan

Vossa Excelência... Se eu me atrevo a incomodar Vossa Excelência é justamente em vista do sentimento de...

Posso garantir... de arrependimento! Não foi por querer, como Vossa Excelência mesmo pode compreender...

General

(Faz cara de aborrecimento e diz) Mas o Sr. está simplesmente me gozando, meu caro senhor. (sai)

Ivan

(Sozinho) Mas que gozação pode haver no fato de....

Ninguém está gozando meu Deus! Esses generais não compreendem nada mesmo! Pois se é assim que ele trata os humildes? Pronto, não vou mais me desculpar diante desse bonachão! Vou já para casa e escrevo-lhe uma carta.

... E nunca mais venho vê-lo e... O diabo que o carregue... O general que vá para os quinto dos infernos


(Black-out ou mutação)

Cena – VI

(Ivan sentado em uma mesa em sua casa tenta escrever uma carta)

Ivan

Escrevo uma carta e pronto. Nunca mais precisarei vê-lo na minha frente... (enquanto escreve deve ir falando).


Ilmo. General... Será que o tratamento é Ilmo?


Será que é magnificientíssimo? Não deve ser.

General... Não, só general é muito simples para uma pessoa tão importante.


Ah! Depois eu pergunto para alguém...


Vamos ver o começo...


Venho por meio desta... Está muito batido!


Quero escrever-lhe para... Piorou!


Depois eu escrevo o início, o negócio é entrar logo no assunto...


General! Se a culpa foi minha!................


Se eu escrevo assim pode se compreender que eu admito a possibilidade de culpa... Não! É muito perigoso....


O fim da carta seria assim...


Sem mais despede-se o funcionário Ivan.....


Despede-se! Que bobagem que eu ia escrevendo, meu Deus!


Poderei parecer que eu estava pedindo demissão do emprego! Como é difícil escrever uma carta para o general meu Deus!


Já vai amanhecer e eu não consigo escrever........


Mas eu tenho força de vontade e.... Vou escrever!

(Ivan deve várias vezes começar a escrever e rasgar a folha deve ir ficando lento para escrever, pendendo a cabeça, depois cochilando e enfim dormindo profundamente)

Slides – (Sonho de Ivan)


1- Ivan carimbando.


2- Chefe de secção entregando-lhe um papel enquanto que o despede.


3- Vários generais espirrando em seu rosto.


4- Vários generais apontando-lhes armas.


5- De olhos vendados é conduzido para uma forca.


6- Com a corda no pescoço.


7- Enforcado.

(Ivan na medida que vão sendo apresentados os slides, deve ir ficando cada vez mais apavorado, até que quando aparece o último slide, ele acorda com um enorme grito! E fica como que quase louco de medo (túnica desabotoada, cabelos desarrumados, suando etc. – Num desespero diz -)...


É HOJE OU NUNCA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Cena – VII

(Novamente – Gabinete do general com alguns requerentes...)

(Ivan entra tremendo, alucinado, passa na frente de todos e estes o olham assustados... Ivan gaguejando diz:-.....................)

Ivan

Eu ontem vim incomodar Vossa Excelência.


Não para gozar, como Vossa Excelência houve por bem dizer... Eu vim porque ao espirrar salpiquei.............

Eu nem pensava em gozação... Como poderia eu atrever a gozar... O que eu quero dizer é que... Se nós do povo formos gozar, quer dizer que não haverá nenhum respeito pelas autoridades? Pelas personalidades?!...

General

(Gritando) Ponha-se na rua!!!

Ivan

Por favor general! Não me mate!

General

(Gritando ainda mais alto) Rua! Rua!!!!!

Ivan

(Dá um grito violento de dor e põe a mão na barriga.

Vai se arrastando pelo chão, gemendo... até sumir atrás da tela de slides)

(Luz novamente no gabinete do general)

General

(Com o revolver apontado para os requerentes)

é preciso ter paciência

Todos

(Tremendo e como vaquinhas de presépio) Sim senhor!

General

Tudo vai melhorar!

Todos

(idem) Sim Senhor!

General

Tenham fé!

Todos

(Idem) Sim Senhor!! Sim Senhor!!


(Black-out)

(Luz na tela – Música fúnebre – levanta-se a tela)

(Ivan está morto, rodeado por algumas pessoas de Preto e 4 velas grandes – ao seu pescoço uma coroa de flores com a seguinte inscrição na fita “Saudades dos colegas de Secção” – Sua esposa deve segurar-lhe e chorar violentamente – Ivan está duro.........

SENTADO NUMA PRIVADA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Levantam a privada e as quatro velas e vão saindo, levando o morto – A música fúnebre aumenta – Enquanto segue o enterro, deve acender luz no gabinete do general, que está em cima da mesa e os requerentes devem repetir em coro crescente)

SIM SENHOR! SIM SENHOR!! SIM SENHOR!!! SIM SENHOR!!!! SIM SENHOR

FIM

OSL – 13/08/68