A TURMA DO BASKET
Em volta de uma enorme mesa, todas as segundas feiras,
reúnem-se quase duas dezenas de senhores que conviveram nos tempos da
adolescência. Estamos falando de uma amizade de cinquenta anos. Alguém já falou
que o grupo deveria comunicar sobre esse tempo de convivência ao Guiness Book. Afinal pode ser que haja
grupos que se encontram após muito tempo, entretanto reunir-se toda semana? Não
conheço nenhuma turma com essa frequência.
Esses encontros começaram ha pouco mais de vinte anos atrás quando
liderados pelo Milton Soares, que havia sido jogador de alto nível, os coordenou
numa prática de basket no Clube de Campo de Mogi das Cruzes. Depois de
terminada a atividade começaram a comer pizza em um restaurante. Depois de
algum tempo juntaram-se outros que nunca haviam jogado basket, mas que
conviveram nos áureos tempos do Washington Luis e até, um ou outro, do Liceu
Braz Cubas. São os chamados “agregados”. Temos ali os personagens mais
variados: o grande pivô, o mãozinha de ouro, o escolhedor de pizza, o presidente,
o diretor de comunicação, o diretor de eventos, o tesoureiro, o que fecha a
conta, o que só pede pizza portuguesa, o arremessador de bolotas de papel na
cabeça dos colegas etc.
Os encontros são bastante informais, alguns vem de outras
cidades. Fala-se sobre tudo, desde política até os famosos “casos verídicos”
que, na maioria das vezes, estão mais na imaginação do contador do que na
realidade.
Vez em quando alguém se arrisca a contar uma piada.
Terminada a mesma todos olham para o companheiro que sempre está encarregado de
dizer se a piada é velha ou inédita. Muita polêmica, alguns dizem: É velha, mas
é boa! Algumas das mais antigas e boas são a do “Pitbull”, a da “Freirinha e o
Frei Damião” e a do “Português que falava bem devagar par que os alemães o entendessem”.
No fim todos acabam dando boas risadas.
Os personagens possuem características culinárias
diferenciadas: o grande doceiro... E que doce de goiaba que ele faz, o
cozinheiro italiano, o especialista em paella
de frutos do mar, outro de paella de
frutos da terra, o grande churrasqueiro etc. Vez ou outra para quebrar a rotina
brindam os colegas com esses quitutes.
Vez em sempre, uma das esposas envia uma sobremesa. O
presidente telefona para a senhora, agradece e pede para ela ouça as palmas e a
ovação de júbilo de toda a turma.
Às vezes um dos senhores que falar alguma coisa que, pelo
menos para ele é importante, e alguns continuam falando sem prestar atenção. É
necessário então que o pobre interrompa a conversa aos gritos. Às vezes
consegue o silencio, outras desiste de contar o fato naquele momento e deixa
para depois. Nem sempre, entretanto, é porque estão conversando. Às vezes é
porque não escutam mesmo.
Não raro as gozações mútuas acontecem afinal cada um conhece
os pontos fracos dos outros perfeitamente. Entretanto essas brincadeiras são
bastante ingênuas e não provocam qualquer cisão.
Quando alguém fica doente a preocupação é geral. Enquanto
não se tem boas notícias ficam todos de plantão quase estourando o celular de
tanto enviar mensagens.
Por vezes o pessoal sobe a serra do Itapety e a festa
acontece nas casas de alguns componentes que moram por lá. É impressionante a
qualidade de recepção proporcionada por esses amigos.
No Natal sempre um encontro festivo que a polêmica de cardápio
se arrasta por vários encontros. Nesta festa de gala vão as mulheres e o grande
técnico do antigo time de basket. Personagem que toma a palavra e com sua
verve, domina qualquer conversa.
Eu fiquei pensando comigo mesmo... Porque esses encontros
com tamanha assiduidade?
A resposta acho que está no fato de que essas pessoas foram
felizes juntas na juventude e continuam felizes juntas na maturidade. Em cada
reunião sente-se o carinho que todos têm por cada um dos presentes. Essa
turminha é um exemplo para todos aqueles que vivem neste mundo onde os
relacionamentos são raros e superficiais. Construíram uma turma de afeto e
carinho que deve ser observada com atenção pelos jovens que podem se tiverem
paixão, projetar uma nova turma cheia de amor para o futuro.
ARMANDO
SÉRGIO DA SILVA
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