quinta-feira, 11 de setembro de 2008

CRÔNICA DE NATAL


PAPAI NOEL O ANO INTEIRO

– ARMANDO SÉRGIO

Pedrinho queria ter um Papai Noel. Exatamente como todos os papais-noéis... feliz, bondoso, gordo e muito otimista. Ele via as propagandas de brinquedos na TV e sonhava. Quanta coisa bonita que Deus tinha feito para as crianças. Na sua caminha, quando caia a noite, ele rezava para que aquele velhinho, pelo menos uma vez por ano, fosse seu pai. Escreveu cartas para o céu, chegou até pedir uma ligação a cobrar que a telefonista chata não completou.

Um dia, sem mais saber o que fazer saiu pelas ruas. Quase desmaiou quando viu o Papai Noel na frente de uma loja maravilhosa. Seu coração bateu e bateu, com muita força. Era um Papai Noel gordo, bondoso, sorridente, exatamente como ele tinha visto na televisão. Aproximou-se um tanto receoso, mas profundamente emocionado e disse tremendo ao seu ouvido: - Você quer ser meu pai?

O velhinho olhou confuso e não disse uma palavra, apenas deu-lhe um pirulito de groselha. No seu raciocínio de criança pensou... ”se ele me deu o pirulito é porque aceitou ser meu pai”. Saiu dançando pela rua, até a sua casa.

Ele já sabia, de cor, como preparar o ambiente para receber o papai-noel. Tinha visto na TV, aquela cena, centenas de vezes. Na noite do Natal ele fez tudo certinho e com muito cuidado...

Deixou a janela entreaberta, dependurou a sua melhor meia e o seu melhor sapato no beiral e enfeitou, com flores um pequeno arbusto que apanhara perto de casa.

Apagou as luzes e ficou solitário em seu quartinho esperando com os olhos arregalados de emoção... As horas foram passando e lá pelas tantas da madrugada dormiu, depois de chorar baixinho e molhar com lágrimas o seu travesseiro pequeno...

De manhã acordou e deu com seu verdadeiro pai olhando para si... Era um pai magro, com o rosto triste e cansado.. Rapidamente olhou para as suas mãos mas elas estavam vazias... sem nenhum presente. Naquele momento, dos olhos do filho e do pai, caíram algumas lágrimas. De repente Pedrinho jogou-se em direção ao pai e lhe deu um grande abraço com todas as forças que os seus bracinhos permitiam... Sentiu no seu rosto o toque de alguns fiapos de algodão, viu no chão uma roupa vermelha, um gorro e travesseiros que haviam servido de recheio. Compreendeu então que seu pai trabalhara a noite inteira naquela loja maravilhosa, vestido de papai-noel para ele pudesse continuar vivendo, estudando.

Daquele dia em diante aquela criança de seis anos deixou de ser criança, o que foi uma pena. Não sonhou mais com o papai-noel de mentira veiculado pela TV.

Agora todos os dias, antes de dormir, dá um beijo de amor em seu papai-noel magrinho, mas Papai Noel do ano inteiro.

No seu primeiro dia de aula, a professora perguntou:

Qual é o nome do seu pai?

Pedrinho, sem titubear, gritou do fundo da sala com todo orgulho desse mundo:

O nome do meu pai é Papai-noel. Está desempregado, mas trabalha, uma vez por ano, na maior loja da cidade. Todas as crianças da classe aplaudiram e gritaram o nome de Pedrinho. E eu também não posso deixar de bater palmas para VC Pedrinho... (palmas) Você representa a maioria das crianças deste país!

É isso ai, Feliz Natal a todos!

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