segunda-feira, 29 de setembro de 2008

TEXTO DE 'UM ONIBUS CHAMADO S..P... - 2006



A platéia está posicionada como se estives dentro de um ônibus – dois grupos grandes de cadeiras enfileiradas com um corredor de cerca de 1,50m entre eles.

As cenas se passam pelo lado de fora, como se vistas pelas janelas do ônibus (laterais e frente), no espaço interno do corredor, e nas áreas ocupadas pelo motorista (Cândida), banco preferencial (Rejane) e cobrador (Camila).

Existem telões para projeção nas duas laterais que participam das cenas do Chico.

Camila trazendo o público para dentro

Cândida

Área do motorista

Narrador – Arrependei-vos porque está próximo o fim.

Arrependei-vos porque o pecado mora em vosso coração

Deus em sua infinita misericórdia

Sete dias nos concedeu

E estes já se mostram sem cores

Quem deseja viver para sempre

Quem deseja a salvação

Que dê o testemunho na forma de coragem

E três cruzes no peito, o homem terá que desenhar

E nunca

Jamais

Deve esquecer de rezar

Eu sou o Anjo de categoria

Eu sou o Anjo de feições escuras

Eu sou o quarto cavaleiro do apocalipse

E tenho nas mãos o dom da cura

Luiz

Passa pela lateral esquerda do ônibus e para na área em frente.

Apresentação das personagens - chegada do circo, apresentação das
atrações: giganta e homem psíquico, truque de quinta categoria.

Rejane ¨EM DUAS VOZES¨

Área do motorista

Irina entra correndo e se mantém estática, diante de todos, o olhar parado. De repente solta uma gargalhada estridente e exagerada, soltando todo o ar que guardava no peito. Debochada, faz uma reverência a Pedro, que supostamente está no fim do corredor do ônibus. está de pé, a cabeça nua. Com alegria, ela ensaia uma dança sensual, enquanto fala em duas vozes, uma que narra, outra que vive, envolta em uma mistura de erotismo e tragicidade.

Eu abaixo a cabeça e sorrio, suavemente, ao ver Pedro entrar. (Dá uma volta sobre o próprio eixo, exibindo o corpo.) Ele observa o corpo de mulher. (Dá um passo em direção a ele, provocativa.) Volto-me para ele, convidativa. (Animada.) Tem pão, frutas, queijo, está uma delícia. (Passa a mão pelo corpo, começando pela boca.) Me ajuda, meu amor. (De repente, estanca.) Ele vem até mim. (Respira ofegante.) Eu o acompanho com os olhos, e me assusto com a onda de calor que me invade o meu corpo! Respiro ofegante! Nós dois respiramos fundo, e nos sentamos. (Senta-se, como se fosse terminar a cena, mas recomeça, cada vez mais envolvida. Para o público.) Me desculpem, mas já não posso mais! (Num gesto abrupto, leva á mão em frente ao rosto.) Vejo a mão de Pedro se aproximar da minha e, sutilmente, a afasto, sorrindo. (Com a mão, faz um movimento como se estivesse puxando Pedro para si.) Aproximo os meus lábios dos dele! (Olha de cima a baixo o suposto Pedro em sua frente., descrevendo-o para que o público o enxergue.) Seu corpo forte, masculino. A barba por fazer. Os cabelos revoltos. Os olhos profundos, de menino. Os lábios carnudos. É tão doce! (Abaixa a cabeça, torturada.) Abaixo a cabeça, torturada. E não é meu! Levanto-me impetuosa. (Levanta-se e, em seguida, vira-se, e se abaixa, como se enlaçasse Pedro para um beijo cinematográfico.) Abaixo-me, para beijá-lo! (Para a Cobradora, que está atenta em sua estória.) Os dois se beijam! (Desequilibra e assusta-se, dizendo, inconformada, o nome da filha.) Ha!! Nós não podíamos! Flávia! (Olha para o fundo do ônibus e assusta-se, pois Flávia está lá.) Flávia!!! (Recompõem-se e, petrificada, ereta, acaricia com as pontas dos dedos o seu próprio rosto, quase o arranhando. ) Acaricio com as pontas dos dedos a máscara do rosto petrificada, enquanto as palavras desconexas saem com leveza num sussurro ritmado. (Deixa o fluxo de palavras sair, ritmadamente, quase como uma música, enquanto os braços se agitam em um batuque desengonçado.) O corpo, que não pode. A barba, que não pode. O que não pode. O que não é, meu. Não é meu. E se perdeu. Da minha vida. Eu vou pra Lua. Eu vou pra Cuba. Eu vou pra África, eu vou pra Índia. Eu vou, presa. Solta no passado. Solta no futuro. (De repente, contundente, para a Cobradora.) Eu já paguei! (E com delicadeza.) Você pode ¨me¨ ver? Você pode ¨se¨ ver? (E num acesso, balançando a saia.) É o que me beija. É o que me mata, o que me fala, é o que me falta! É o que me veste! É o que amarra, bate, prende e solta! É o que me choca, rasga, e gruda! É o que me funda. Profunda. Profunda. Profunda.

Vai recuando, lentamente, para o seu lugar no ônibus. Vê-se de frente a Motorista e, ao lhe tocar, se assusta. Senta-se e se põe a rezar, emocionada

Cândida

Área do motorista

Aproximem-se

Não tenham medo

O dia já se despede

Dessa tola fantasia

É chegado o momento

Alguém deve partir

Aproximem-se

Para que todos possam entender

O que realmente aconteceu

No meio daquela esquina

No meio daquela noite

No meio daquele nome

No meio daquela rua

Conhecida como Cuba

Eliezer – ESPELHOS

Lateral esquerda

Conversa de CELINA_1 com seu reflexo atrás do espelho... Ela está se aprontando para ir para uma festa, sua cabeça está a mil, ela está super cansada e se senti acabada, mas mesmo assim ela se apronta para ir, está dando conselhos para si mesma e começa a receber conselhos do espelho. CENA DO ESPELHO GRAVADA EM OFF. O DIÁLOGO É DA ATRIZ COM ELA MESMA...

CELINA_1 – Eu tinha que falar que ia sair hoje... Tinha!... Mas, você quer estar presente nos meios sociais, paquerar... Depois não dá conta de realizar todo o trabalho que precisa! ... (PAUSA) ... Para, para... Eu tô tranqüila, estou terminando o trabalho vou me divertir um pouco e pronto... Ai, ai, ai.... que saco... Ta muito foda de ter tempo para fazer qualquer coisa. To exausta!!! Só tenho vontade dormir.... E nem digo que é quando acabo as coisas, porque eu nunca acabo... Sempre tem mais alguma coisa para terminar. Sempre tem alguma coisa para fazer. E sempre tem algo que fica por fazer... Desse jeito vou morrer fazendo nada...


CELINA_1 ESPELHO – Mas bem que eu podia arrumar um tempinho para academia também? Que horror! Estou parecendo uma gelatina...

CELINA_1 – Hum???


CELINA_1 ESPELHO – E essa roupa, preciso comprar umas roupinhas novas!!? Também você fica segurando o dinheiro em vez de fazer algumas compras... E eu preciso comer melhor, sua dieta não está nada bem... Vira um pouco para a direita por favor...

CELINA_1 – À direita??...


CELINA_1 ESPELHO – Agora à esquerda!

CELINA_1 – À esquerda...


CELINA_1 ESPELHO – Desse jeito nunca vou chegar a lugar nenhum... E eu que sonhava em ser rainha...

CELINA_1 – Horas!!!

CELINA_1 ESPELHO – Preciso mudar meu cabelo, está armado demais... Faça alguma coisa!!!

CELINA_1 – Mas porque tudo eu, faça alguma coisa você também...


CELINA_1 ESPELHO – E eu faço, ou você acha que você continua assim por que... Corro na velocidade da luz...

CELINA_1 – Mas você está parada!!!


CELINA_1 ESPELHO – Engano seu... Corro sem parar...

CELINA_1 – Quem corre sou eu!!! Trabalho, casa, filhos, mãe, chefe... ex-marido, condomínio, aluguel, telefone, trânsito... luz, escola, trânsito... contas, cartão, trânsito... Compras, mecânico, engarrafamento, supermercado, fila, restaurante, fila, estacionamento, fila, banco, fila, documentos, fila, multa, fila, shopping, fila, cinema, fila, teatro, fila, tomar um chopp, fila... Deeeeus... Quanta fila...


CELINA_1 ESPELHO – Mas você está sempre parada ao meu lado! (CONSTATA)

Se deseja ir a algum lugar deveria correr muito mais...

CELINA_1 – Devo estar louca, não vou dar mais ouvidos a você preciso me aprontar...


CELINA_1 ESPELHO – Bem que você podia aprender a dançar também... Me canso de ficar a seu lado sem você dançar...

CELINA_1 – A maquiagem, borrei a maquiagem, preciso esconder essa espinha... E essas olheiras de cansaço, preciso descansar um pouco mais...


CELINA_1 ESPELHO – E não se atreva a beber muito não quero ficar bêbada e cair ao seu lado... Você nunca aprende a se comportar direito...

CELINA_1 – (OLHANDO PARA OS SEIOS) Seria muito melhor eu colocar um outro soltien... mas eu não tenho sapatos que combinam com ele, preciso comprar sapatos...


CELINA_1 ESPELHO – Já disse que é melhor dar uma renovada geral no guarda roupa, odeio andar com meia desfiando... E esse vestido, já foi em umas 5 festas...

CELINA_1 – E eu já disse que não vou falar com você! Devo estar realmente ficando louca... Falar com um espelho... Deus, o presente, preciso comprar o presente...


CELINA_1 ESPELHO – Acho bom você não esquecer a chave, o cartão, ou mesmo o batom detesto ficar saindo e voltando para o mesmo lugar a cada cinco minutos...

CELINA_1 – Já disse que não vou falar com você, as chaves, onde estão as chaves...

CELINA_1 ESPELHO – Em algum lugar aqui atrás, correndo... Mas elas nunca abrem as portas.

CELINA_1 – Já sei, devo estar quase tendo um colapso nervoso... Não vou mais olhar para você! Preciso voltar cedo e quiçá trabalhar ainda hoje... Dinheiro??? Onde está o maldito dinheiro... Eu, sempre preocupada com dinheiro... Acho que talvez quando eu me tornar milionária eu não vou me preocupar tanto com isso.... Mas agora estou muito preocupada. (NEGANDO) Esse papo de que dinheiro não traz felicidade... Besteira... Coisa de quem não sabe usar. (OLHA PARA O ESPELHO) Você não se preocupa com isso não é???

CELINA_1 ESPELHO – Me preocupei muito ontem e vou me preocupar amanhã... Sempre assim... Preocupação amanhã e preocupação ontem... mas nunca preocupação hoje...

CELINA_1 – Mas um dia há de chegar a preocupação hoje...


CELINA_1 ESPELHO – Não preocupação outro dia, hoje nunca...

CELINA_1 – Que lógica mais besta! Vou indo que estou atrasada...


CELINA_1 ESPELHO – Volte eu tenho uma coisa importante para dizer...

CELINA_1 – (RETORNA)


CELINA_1 ESPELHO – (APÓS UMA PAUSA) – Controle-se...

CELINA_1 – Isso é tudo?!


CELINA_1 ESPELHO – Não... (NOVA PAUSA)

CELINA_1 – (IMPACIENTE QUERENDO SAIR)


CELINA_1 ESPELHO – Cuidado, tudo hoje vai diferente... O rei procura e o pregador se aproxima... Ao dia a luz se apagará e a meia-noite, bate o sol que dividirá o céu com a lua... e em um novo dia poderás ser rainha nua...

CELINA_1 – Charadas e profecias... Essa é boa!!!... Bem não vou me despedir do espelho, porque senão diria, - que louca é você Celina... E não há porque não andar... Ouvir conselhos de um espelho... Parece até que no fim da tarde o sol se iria apagaaaaaaaaaaaaaaaaaárrrrrrrrr....

BLACK OUT (FORA DA SALA SE ESCUTA O BARULHO DE UMA OUTRA CENA E AOS POUCOS NOVA LUZ SE ACENDE)

CAMILA

Área do cobrador

Rejane - ¨A FILHA¨

Área do motorista

Levanta-se chamando por Flávia em um quase grito melódico. Coloca-se estática, diante do público, o olhar fixo para o fundo do ônibus.

Eu olho pra você... Você é de uma beleza romântica! Parece uma mulher do século XIX! (Divertida, para a Motorista.) Não tinha um movimento literário onde os jovens morriam de amor por moças frágeis e esquálidas? Já sei! Você poderia ser uma ¨Dama das Camélias¨. Está estudando teatro na USP, por que não experimenta? (De repente, entre arrependida e tímida, recua, incomodada.) Se abaixo a cabeça, é por vergonha, Flávia, é impulso. (Sem jeito, emocionada.) Posso pegar sua mão? (Para a Motorista.) Peguei a mão magra da minha filha e a coloquei entre as minhas. (Para a filha novamente.) Eu preciso lhe falar, minha amada! (Estranha.) Eu olho para o fundo dos seus olhos, e você, menina, não reage! (Indignada.) Olha as suas mãos, filha! Olha seu corpo! Seu pulso é magro, seus dedos são finos, gelados. (Sem interrupção.) Quando Pedro veio aqui pela primeira vez, eu não lhe disse nada, mas nós já nos conhecíamos. (Sem interrupção.) Posso tocar-lhe o rosto? (Para a Motorista.) Percebi um cabelo preso entre os lábios finos da minha filha! (Para a filha.) Posso afastá-lo? (Contundente.) Não se esquive Flávia! Não se esquive! (Sem interrupção.) Quando Pedro entrou aqui pela primeira vez, eu procurei seu pai e lhe contei tudo! (Eu estava… atenta. Foi quando ele que me tocou que eu percebi! (Faz um gesto com as mãos levantando um pouco o vestido. Um gesto no quadril, como se esquivasse de Pedro.) Ele me tocou! (Repete o gesto.) Tocou de novo! E eu contei tudo a seu pai. Vai se aproximando de Flávia, lentamente.) Quem era ele. O seu segundo Pedro do presente é o meu primeiro Pedro do passado. Você me entende? Foi por isso que Pedro matou Pedro. (Faz uma pausa dramática e finalmente desembucha.) Eu deitei com o teu homem.

Chico

Lateral direita

Ele está em casa, no dia de Natal. Vê-se claramente que está deprimido. Há poucos móveis (uma cadeira, uma TV, um armário de apoio para ela.). Fuma um cigarro sem gosto. A TV ligada emite uma luz azulada que ilumina um pouco o quarto escuro. Aos poucos ele vai reagindo a programação da TV, mudando os canais com uma freqüência cada vez mais crescente, e soltando impropérios sobre a programação. Poe outro cigarro na boca, sem soltar do primeiro. Fuma por compulsão. Põe o terceiro cigarro na boca, dá uma tragada forte. Toca o telefone. Uma vez. Ele não se mexe. Duas. Três. Quatro. Na quinta ele atende. Muda sua atitude quando percebe que é a mãe que fala. Diz que não pode passar o Natal com a família, porque tem amigos na sua casa, aumenta o som da TV para simular uma festa. Comenta que comprou um MCPeru para a ceia, que não podia ficar sem peru, manda beijos para todos os parentes e desliga. Sua raiva e depressão voltam mais fortes, e começa a resmungar sobre a programação da TV, liga o Papai Noel, comenta sobre a falta de neve no país, resolve que vai pro estrangeiro, que em Disneyworld neva e aqui não. Resolve que vai sair, mas desiste porque não tem pra onde ir, olha lá fora, os vizinhos barulhentos e ele reclama do calor. Se vira para o boneco, olha-o com um misto de ódio e cumplicidade. Cataloga todas as desgraças que se abateram sobre ele, vai até o boneco, ele é seu único amigo. Despe-o de sua roupa e retira o pó de dentro da carcaça dançante. O distribui sobre a mesa e cheira com vontade.

O ator começa a cena com uma batina tradicional e tranças, entra pelo fundo do ônibus, cantando.

TRANS -· (Cantando e segurando nas barras de segurança dos passageiros ao longo do corredor do ônibus) A barra do amor é que ele é meio ermo, a barra da morte é que ela não tem meio termo... A barra do amor é que ele é meio ermo, a barra da morte é que ela não tem meio termo...

FILÓSOFO - Ouviste e viste tudo, e tu não hás de anunciá-lo? Desde agora te faço ouvir coisas novas, coisas ocultas que não conhecias. Foram criadas agora, e não em tempos antigos, até o dia de hoje nada tinhas ouvido a respeito delas, para que não dissesses: “Ora, isto eu já sabia”. Mas tu não só não tinhas ouvido; antes, também não o sabias; há muito que os teus ouvidos não estavam atentos; com efeito eu sabia que agias com muita perfídia e que desde o berço te chamavam de rebelde. Isaías, 48:6-8.

TRANS -· (Cantando) E soy rebelde... Non! (aperta um controle remoto fictício).

(cantando) Quero falar de uma coisa... Não. (aperta um controle remoto fictício).

(Cantando) Bossa nova mesmo é ser presidente, desta terra descoberta por Cabral. Avança! (aperta um controle remoto fictício).

(Cantando). Cresci olhando a vida sem malícia, quando um cabo de polícia despertou meu coração... Não! (aperta um controle remoto fictício).

(Cantando) Eu em Rosa apelar pra ignorância é uma coisa indecorosa... Não! aperta um controle remoto fictício). (Falando) Existem mais mundos ou altos ou fundo entre eu e você. Existem mais corpos ou vivos ou mortos entre eu e você. (Lança o controle remoto fora e retoma o texto).

TRANS – É como diz o poeta: “sentir tudo, de todas as maneiras, ver tudo de todos os lados”. Para sentir, precisei sentir tudo, não fiz senão multiplicar-me! E aqui estamos nós! E ainda bem que estamos aqui!

Eu queria mesmo falar com vocês. Aliás, quero fazer um comunicado urgente! Hoje é o grande dia!

FILÓSOFO - Quero saber o porquê de tanta alegria e vibração. Posso saber o motivo desta euforia?

TRANS - Claro que todos saberão. Mas eu quero falar em alto e bom tom para que todos ouçam. Bom diaaaa!!!

PADRE - Naquele tempo disse Jesus: “Arrependei-vos e crede no Evangelho verdadeiro, porque o vosso fim está breve”, Não viveis iludidos mais! Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo!

TRANS - Minha salvação vem do reino da terra. Hoje mesmo, por exemplo, ela chegou num atestado. Eu sempre cantei a balada do canto escuro, do lado sem luz! Mas hoje um novo sol surgiu. Foi aprovada a minha cirurgia! Para o ônibus porque eu quero avisar em alto e bom som, foi aprovada a minha cirurgia, em todas as praças, em todos os jardins, jardim Anália franco, Praça da Bandeira, Jardim Ângela, Praça Roosevelt, Jardim Paulista, Praça da Paz...

Luiz

Lateral esquerda

1) Noite de núpcias - 'casamento' entre Homem psíquico e Giganta,
troca de alianças, tentativa de relação sexual, fuga da mulher
giganta.

2) 3) Lavação de roupa suja - Encontro da Giganta com o dono do circo,
revelação de que os dois tiveram algum relacionamento amoroso,
término dessa relação, Giganta cobra tudo que fez para o dono do
circo, choro desesperado de mulher abandonada nos pés do dono do
circo, chegada do homem psíquico que vê tudo e fica com a pulga atrás
da orelha

Eliezer

Poço de lágrimas

Frente do ônibus

Na entrada dos espectadores na sala Alice está de cabeça para baixo tendo o seu corpo molhado por uma torneira, a água escorre de seu corpo... Ao fundo sua imagem é refletida em um grande espelho... Inicialmente ela fica parada e aos poucos começa a se movimentar como se fosse se levantar, ela repete o movimento diversas vezes.... em um movimento mais forte ela cai sentada dentro da pia, e volta a olhar o público de cabeça para baixo... Ela levanta-se novamente e se encara nos espelhos... Vai para o chão, começa a sorrir até esse sorriso se transformar em uma grande gargalhada, ela contracena com sua imagem nos espelhos que estão a sua volta... Até para fixa novamente em sua imagem... Olha para sua imagem refletida na água também e vai de encontro até ela... Fica com a cabeça imersa na pia... Levanta-se bruscamente. Fecha a torneira. Novamente fita com a água e imerge a cabeça na pia, fica mais tempo. (risadas ao fundo em OFF...) levanta-se bruscamente... Vai abaixando e fala consigo mesma

CELINA_2 – Eu não devia ter chorado tanto... Quase me afoguei... Como está tudo esquisito hoje... E ontem tudo estava como eu deixei... Será que fui eu quem mudei a noite... (COMEÇA A FAZER TROCADILHOS COM ESSAS FRASES, DIZENDO AS FRASES COM ENTONAÇÕES E PALAVRAS DIFERENTES E VAI CAMINHANDO EM DIREÇÃO AO PÚBLICO DE REPENTE, PARA, ENCARA O PUBLICO E SOLTA UMA GARGALHADA... SAI DA SALA E CONTINUA FALANDO ENQUANTO O PÚBLICO A SEGUE)

Camila

Área do cobrador

Sandra

CENA 1

MÚSICA:

Inicia na lateral direita, ocupa o corredor e depois a área na frente do ônibus.

Ela esta folheando distraidamente uma revista parada próxima à platéia. Um pouco mais adiante ele a observa com atenção sem ser percebido. Ela faz sinal para o ônibus, sobe e permanece parada em pé no corredor do veículo. É seguida de perto por ele que se aproxima por trás e avalia descaradamente o “material” que ela representa.

Ela percebe sua proximidade incômoda e se afasta um pouco mais para dentro mas ele torna a se aproximar e fala no seu ouvido repetidas vezes, dando sinais de aprovação e estimulando-a a aceitar um cartão que ele balança diante de seus olhos. O rosto dela começa a se modificar lentamente passando do incômodo à duvida e, logo em seguida, à voracidade. Ela agarra o cartão antes que ele o guarde.

Ele sai pela frente do ônibus e senta-se numa cadeira. Ela permanece com o cartão nas mãos ansiosas, acaba por se decidir e vira-se de frente para ele que está no centro do palco à sua frente. Caminha até ele e lhe estende o cartão.

Ele dá sinais de lembrar-se dela e com satisfação dá uma volta ao seu redor apalpando-a sem pudores. Ele a envolve, toma-a nos braços, senta-se com ela no colo, beija-a e a atira no chão. Ela esperneia enquanto ele lhe coloca um sapato vermelho no pé. Ergue-a pela perna e solta-a pesadamente no chão. Ao sair de cena ele acena tentadoramente com o outro sapato na sua direção, deixando-o um pouco afastado dela. Ela se arruma como pode e rasteja avidamente até o sapato.

Chico

Lateral direita

Aparece Xinóquio, enlouquecido com a demora dela. Não é claro se eles já se conhecem ou se é apenas um delírio dele. Comenta sobre a sujeira do lugar, e resolve que vai transformar tudo “no lugar mais lindo fora da Disneylândia”. Entram projeções coloridas que dão ao espaço um aspecto lúdico, quase uma casinha de bonecas. A luz agora sobe a toda, e ele se transforma num apresentador de programas natalinos. Ela assopra mais um pouco de pó nele, e se coloca como a assistente de palco. Aqui entram todos os tipos de brincadeiras, loucuras e palhaçadas que são vistos nestes tipos de programas. Toca o telefone, ele sai deste nmindo por um instante, o suficiente para falar “minha mãe”. Ela se apressa em soltar outra baforada de pó, e ele volta mais elétrico que antes...

Eliezer Mundo Irreal...

Frente do ônibus

(A CENA 3 DEVE VIR EM SEGUIDA DA CENA DOIS, ENTRECORTADA POR UMA CENA CURTA OU UMA INTERVENÇÃO)

CELINA_2Como está tudo esquisito hoje? E ontem tudo estava exatamente como eu deixei... Será que fui eu que mudei a noite?

Que sonho, estranho... Ou não... foi... sonho?...

¿Vocês já estiveram aqui...?

Pelo menos eu recordo... Aquele chapéu...

(APARECE UMA FOTO DE UM CHAPÉU NO PROJETOR COMO SE FOSSE A MEMÓRIA DE ALICE. O CHAPÉU EXISTIRÁ DE VERDADE E PODERÁ ESTAR SENDO USADO POR UM ATOR QUE AINDA NÃO FEZ SUA CENA).

Eu já vi aquele senhor, com aquele, chapéu... Mas, não me lembro de nada que aconteceu ontem... Será que minha memória está funcionando ao contrário?

(PAUSA)

É isso!!! Minha memória está funcionando ao contrário!

A festa... (IMAGEM DA ATRIZ TRISTE NA FESTA) O beijo... (IMAGEM DE UM BEIJO ILUSÓRIO) Meus patrões... (IMAGEM DOS PATRÕES DA ENTREVISTA) A entrevista... (IMAGEM DELA NO FINAL DA CENA DA ENTREVISTA)

Meu deus, como é tarde... Estou atrasada... É tarde... Preciso definir tudo que está a minha volta...

(IMAGEM DOS RÓTULOS COM FOTOS ILUSTRATIVAS)

O espelho!

Não, não vou olhar para o espelho agora...

(IMAGENS DO ESPELHO NO TELÃO)

Será que eu... Me afoguei! (PAUSA) (REFLEXIVA) Depois de chorar tanto...

(IMAGEM DO POÇO DE LÁGRIMAS PROJETADA)

Parece que estou flutuando, que vou atravessar paredes e... Ao mesmo tempo... As paredes me sufocam... Hoje eu acordei muito diferente... Devo ter acordado em outro corpo... Nem sei onde eu estou...

(IMAGEM DA COREOGRAFIA DA TV E DE COISAS DE PONTA CABEÇA OU PERDIDAS PELO ESPAÇO)

Devo ter acordado com todos os medos e pressentimentos de minha mãe... Mas pela forma que estou pensando assumi também a racionalidade do meu pai!!!

(FOTOS PROJETADAS DE CELINA ENVELHECIDA COMO MULHER E HOMEM)

Meus pés não obedecem mais... Acho que não sei mais andar... Me esqueci de...

Meu corpo inteiro formiga, meu estômago está queimando... É uma vontade de comer alguma coisa que eu não sei o que é... Tenho sede... Mas a água não refresca mais... Preciso de um sei lá o quê, para ter energia e sobreviver mais um dia...

(COREOGRAFIA TV, COMIDAS, DROGAS E COMPRIMIDOS PROJETADOS NO TELÃO).

Parece que minha memória está trancafiada onde todos conseguem ver... Menos eu...

Será que todo mundo está ficando maluco... Ou será que eu...

(IMAGENS DA CENA DA TV)

Me sinto vigiada 24 horas... É a câmera das ruas, a câmera do prédio, a câmera do supermercado, do banheiro, da minha sala de trabalho, o meu cartão de crédito, minha conta no banco... Parece que todos sabem tudo de mim e que uma hora vou ser cobrada. Tenho a impressão, que um belo dia, uma pessoa que não conheço, vai me parar e perguntar porque eu fiz isso ou não fiz aquilo...

(IMAGENS DE VÁRIOS MOMENTOS DO DIA E COTIDIANO COMO SE FOSSEM CÂMERAS DE SEGURANÇA)

Ao mesmo tempo sou parte da máquina... Meu corpo se afasta de minhas vontades e responde às necessidades e padrões... Nada parece real...

(IMAGENS RENATA MECANICA E DE CELINA EM CORES E ESTILOS DIFERENTES)

Nada tem sentido... Tudo tem sentido... Sou perseguida não sendo, vivo não vivendo e não vou a lugar nenhum correndo...

(IMAGENS DO COTIDIANO COMEÇAM A SER TRANSMITIDAS)

O mundo conspira ao meu redor, todos sabem de tudo e eu nada... Todos se comunicam em um lugar que não consigo acessar...

(A ATRIZ É PROJETADA COM UM CLIQUE DE MOUSE)

Parece que sou avaliada a cada segundo por meus amigos, namorado, meu patrão, meus colegas de trabalho... O computador compete comigo e é mais inteligente... Sou um ponto que caminha pelas ruas, um número de celular, uma informação do holerite, uma foto na internet. Me acessam em um clique, me colocam na gaveta, num chip...

(FOTOS DE DOCUMENTOS E SITES DE BUSCA E RELACIONAMENTO)

Se tenho sou, se tenho vou, sou a carta, o cartão, a senha, ilusão. Minha imagem vai sumindo, diminuindo... Não, não é real, devo estar dormindo...

Chico

Lateral direita com projeção

Tudo muda, o quarto fica mais claro, ele abraça o corpo mole do Papai Noel e canta alguma coisa que vem da TV, sem se importar com nada. Parece muito feliz. De repente, da TV sai Farindinha, como se estivesse se descolando da tela. Ele vai se extasiando, não acredita no que vê, ela se aproxima e delicadamente assopra o pó branco nele, que cai para trás.

Lateral esquerda

PADRE - (Cantando) Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai... Segura na mão de Deus, Segura na mão de Deus, pois ela, ela te sustentará. Não temas segue adiante e não olhes para trás, segura na mão de Deus e vai...

FILÓSOFO - Depois de desenroscarem você de mim e o seu do meu, ninguém saberá ao certo quem era aquele eu cujo meu era você. Ao ato irão voltar E mais completamente ignorar.

Perguntar-te-ão como atravessar a vida. Responde como uma corda esticada sobre um abismo. Belamente, cuidadosamente, impetuosamente!

PADRE - Isto é mesmo uma abominação! Um traje humano em retalhos! Agora vão me cortar o que menos prestou na vida! Mas isto será a minha condenação!

TRANS - Tem dois anos que faço acompanhamento psicológico, a terapia hormonal está bem sucedida. Socialmente estou realizada! E ninguém me impedirá agora, ouviu? È preciso que minha verdadeira essência aflore! Eu quero ser feliz!

PADRE - Sou vítima do grande embuste do mundo. É preciso que aceite o Cristo redivivo! Só ele pode me salvar!

TRANS - Meus pecados estão perdoados! Eles estão martelados na cruz, pregados no crucifixo...

PADRE - Não blasfeme animal imundo, pois me agrava mais a minha culpa. Assassina a minha natureza e ainda me diz que a dívida está perdoada!

Corte

CAMILA

Área do cobrador

Eliezer – Escritório – REGRAS

Lateral esquerda

Em uma sala existe uma grande mesa.... Duas pessoas sentadas em uma grande mesa cheias de papéis eles/elas estão tomando café, na mesa a 3 cadeiras vazias... CELINA_1 ENTRA

OS DOIS – (FALAM AO MESMO TEMPO) - Não há lugar.

Está ocupado.

Não há lugar.

Não há vagas.

CELINA_1 - Mas eu tenho a carta...


ENTREVISTADOR UM – Bem, então... Apresente a carta...

CELINA_1 - (ENTREGA A CARTA)


ENTREVISTADOR UM – Sente-se na cadeira seis

CELINA_1 - Mas qual é a cadeira seis...


ENTREVISTADOR 2 – A sexta cadeira

CELINA_1 - Mas só tem cinco cadeiras, como posso sentar na sexta??


ENTREVISTADOR UM – Melhor que se sentar no sábado não é? (RISOS EMPOLGADOS) Sentar no sábado, essa é boa... (OUTRO ENTREVISTADOR RI)

CELINA_1 - (RI SEM GRAÇA)

ENTREVISTADOR UM – Aceita uma xícara de café...

CELINA_1 - Por favor... (ENTREVISTADOR ENTREGA A XÍCARA PARA ELA)


ENTREVISTADOR 2 – Protocolo de inscrição...

CELINA_1 - (ENTREGA UM PAPEL)


ENTREVISTADOR UM – (Número do CPF)

CELINA_1 - 76.767.676-13


ENTREVISTADOR 2 – Certificado de saúde...

CELINA_1 - (ENTREGA UM PAPEL)


ENTREVISTADOR UM – Comprovante de não alistamento militar...

CELINA_1 - (ENTREGA UM PAPEL)


ENTREVISTADOR 2 – RG, a cópia por favor...

CELINA_1 - (ENTREGA UM PAPEL)


ENTREVISTADOR UM – Comprovante de votação, comprovante de tipo sanguíneo e cor original de cabelos.

CELINA_1 - (ENTREGA VARIAS FOLHAS E COMEÇA A SE EMBANANAR EM MEIO A DOCUMENTAÇÃO)


ENTREVISTADOR 2 – Antecedentes criminais, certidão do número de plásticas realizadas e mais essa lista de documentos... (ENTREGA UM PERGAMINHO A CELINA_1 QUE DEPOSITA UM MONTE INFINDÁVEL DE PAPEIS SOBRE A MESA)

ENTREVISTADOR UM – Aceita mais café...

CELINA_1 - Mas eu ainda não tomei café...


ENTREVISTADOR UM – Por isso não ofereci menos café... (RI FEITO UM BOBO)

ENTREVISTADOR 2 – Como você faria investimentos com o mercado fechado... (UMA PEQUENA PAUSA)

ENTREVISTADOR UM – Vamos diga o que você pensa...

CELINA_1 - Primeiro estou pensando o que eu digo...


ENTREVISTADOR 2 – Que horas são...

ENTREVISTADOR UM – É hora do café... Deseja tomar um café...

CELINA_1 - (QUE NÃO TINHA RECEBIDO NENHUM CAFÉ O MOMENTO) Não obrigada...


ENTREVISTADOR 2 – Estamos atrasados... Como você faria investimentos


ENTREVISTADOR UM – Que feio.... Hum.. Hrum... Senta com a gente e não tomar um café...

CELINA_1Eu analisaria o capital lucrativo, e deduziria o imposto prejuitivo e aplicaria no mercado rentativo...

ENTREVISTADOR 2 – Impossível o mercado está fechado... Você é o número 7534, pegue a fila...

CELINA_1 - Mas não tem ninguém aqui...


ENTREVISTADOR UM – É só você oferecer um café que ela quer um tratamento especial...

CELINA_1 - Não quero tratamento especial quero encerrar logo isso...


ENTREVISTADOR 2 – Poderia nos deixar a sós por favor precisamos confabular algo... Dez minutos por favor...

ENTREVISTADOR UM – Aceita um café... (PARA O ENTREVISTADOR 2)

ENTREVISTADOR 2 – Obrigado... Para onde você vai?

CELINA_1 - Você me pediu dez minutos...


ENTREVISTADOR 2 – E já se foram eles... Aqui tempo é dinheiro por isso precisamos andar o mais rápido possível... Vamos buscar as regras...

OS ENTREVISTADORES SAEM E NO MESMO SEGUNDO UM TELÃO PROJETA A IMAGEM AMPLIADA DOS DOIS SENTADOS A MESA...

ENTREVISTADOR UM – Proibido conversas sonoras ou visuais...

ENTREVISTADOR 2 Proibido olhar para o lado...

ENTREVISTADOR UM – Respirar somente o necessário...

ENTREVISTADOR 2 – Roupas brancas nas segundas e pretas às sextas-feiras...

ENTREVISTADOR UM – Postura ereta e pés paralelos ao sentar, não pagamos licenças médicas...

ENTREVISTADOR 2 – Nunca diga Não!...

ENTREVISTADOR UM – Diga sempre: - SIM senhor Diretor...

ENTREVISTADOR 2 – Faça horas extras e não cobre o pagamento...

ENTREVISTADOR UM – Não reclame de salários atrasados...

ENTREVISTADOR 2 – Responda sempre: A culpa foi minha...

ENTREVISTADOR UM – Chegue antes do expediente...

ENTREVISTADOR 2 – Nunca falta e nunca...

OS DOIS – nunca, nunca, nunca peça aumento!!!

ENTREVISTADOR UM – Estamos entendidos???

ENTREVISTADOR 2 – Pare de perder tempo vamos ao trabalho!

CELINA_1 - Sim, senhor diretor...

ENTREVISTADOR UM Prepare o café!!! (CELINA_1 VAI PREPARAR)

ENTREVISTADOR 2 – Receba os clientes e diga bom dia

CELINA_1 - (Vai até a platéia dizendo bom dia)

ENTREVISTADOR UM – Separe as contas para pagar... (CELINA_1 VAI ATÉ A MESA SEPARA UMA PAPELADA)

ENTREVISTADOR 2 – Apague a luz antes de sair...

ENTREVISTADOR UM – Bata antes de entrar...

ENTREVISTADOR 2 – Volte para sua sala não perca tempo...

ENTREVISTADOR UM – Organize sua mesa, está uma bagunça...

ENTREVISTADOR 2 – Não perca tempo com seus problemas pessoais...

ENTREVISTADOR UM – Faça uma listagem da minha agenda de amanhã...

(TOCA UM SINAL)

ENTREVISTADOR 2 – Volte logo preciso me reunir com você no horário de almoço...

ENTREVISTADOR UM – Você ainda não preparou aquilo que eu não te pedi...

CELINA_1 DERRUBA O CAFÉ

ENTREVISTADOR 2 – Mas como você é inútil, não quer que eu te chame de burra, ou quer??? Você é burra?

CELINA_1 - A culpa foi minha, senhor diretor, me desculpe

ENTREVISTADOR UM – Descontaremos o pó do seu salário

CELINA_1 - Sim, senhor diretor...

ENTREVISTADOR 2 – Ao trabalho não perca mais tempo...

CELINA_1 DERRUBA ALGUNS PAPÉIS

ENTREVISTADOR 1 – Assim não dá venha já para minha sala...

CELINA_1 APARECE NO VÍDEO PEQUENININHA EM MEIO AOS CHEFES GRANDES... E COMEÇA A SE MOVIMENTAR MECANICAMENTE EM MOVIMENTOS ARTICULADOS... VÁRIAS ORDENS SÃO DADAS EM OFF... E EM VELOCIDADE ACELERADA. TOCA O SINAL E ELA SAI DA SALA SE MOVENDO COMPLETAMENTE MECANIZADA E VAI CAMINHANDO POR MEIO DO PUBLICO ATÉ UMA PRÓXIMA CENA

Luiz

Frente e as duas laterais, cena escura, luz de lanterna, final com estrobo.

3) Invasão das mentes - Homem psíquico invade a mente do dono do
circo e da Giganta. descobre que os dois tem um caso amoroso.

– Espaço 4

Lateral direita

FILÓSOFO - (Cantando) Eu prefiro ser esta metamorfose ambulante, eu prefiro ser esta metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Eu prefiro ser esta metamorfose ambulante, eu prefiro ser esta metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...

s e vai.iante e n afogar, segura na mnças, entra pelo fundo do onibus,m im? tadas.

FILÓSOFO - Eu faço as minhas coisas e você as suas. Eu não estou no mundo para satisfazer as suas expectativas. E você não está neste mundo para satisfazer às minhas. Você é você e eu sou eu. E, se por acaso nos encontrarmos, será maravilhoso. Senão, não há nada a fazer.

TRANS - Como Cristo, é preciso que esta parte de mim morra para que minha essência verdadeira nasça para vida! Eu sou um erro de deus! Vivo nesse cárcere e não posso mais! É chegada a hora, e nada nem ninguém neste mundo vai me impedir!

PADRE - Cristo suportou com destemor sua angústia, a perda, ele sofreu com galhardia... Redimiu os pecados do mundo, o filho do homem veio para nos amar...

TRANS - Se Jesus morreu na cruz meus pecados levou consigo! Foi isto que aprendi há muito tempo atrás! Eu só estou tentando ressuscitar a natureza verdadeira que eu sou!

PADRE - O senhor é meu pastor nada me há de faltar. Mas eu verei a força dos ímpios! Naquele tempo disse Jesus: “No dia da separação do trigo e do joio haverá sangue e ranger de dentes”. Onde encontro a salvação?

TRANS - Naquele tempo disse Jesus: Aquele dentre vós que não tiverdes pecado que lance a primeira pedra. Non je ne regrete rien! Eu não tenho vocação para Cinderela, eu também sei ser puta quando eu quero! E com olhar vulgar de puta vejo o pecado em tantos outros mundos também.

PADRE - Minhas faltas depositei nas mãos do meu senhor! É Ele o meu juiz, não seres deploráveis deste mundo.

Corte

Cândida

Área do motorista

E dentro da grande cidade

Chovia, ventava, escurecia,

Passava, movia, corria

Ninguém via

Ninguém percebia

Mas tudo parecia

Estar fora do lugar

E o Homem-Velho da janela da torre

Visionário como era

Olhava o tempo imóvel

Descolorido das cores

Impaciente

Ele sabia que a sua hora chegaria

E tentando perdão

Segurando um cordão

E se pôs a rezar

Mas na porta, insistentemente a Morte batia

E avisava “Eu vou entrar”

Rejane ¨PEDRO¨

Área do motorista

Irina sóbe no ônibus desgranhada, meio bêbada, cambaleante, com o celular na mão. Entre histérica, malévula e sedutora, tenta expulsar Pedro, que a segue, incessante.

Sai Pedro!!! Sai daqui! Que saco!!! Me deixa falar no telefone. Mamãe, Flávia. Polícia. (Disca com firmeza.) Três, dois, dois, oito, quatro, um, nove, dois. (Reage, feliz.) Oi Mãe! (Doce) Faz dez anos, amor de mãe! Você um amor de mãe! Você é um amor! O meu amor! (Interrompe.) Só um minuto. (Rapidamente disca outras teclas. Firme.) Boa noite! Eu gostaria de me entregar. Eu matei o meu ex-marido. Meu nome é Irina Meireles. Estarei... (olha pela janela para se certificar do lugar) numa casa abandonada no centro da cidade de São Paulo. Rua... (Certifica-se com a Motorista) Cuba... cento e noventa e quatro. Por favor. (Disca uma tecla e volta a falar com a mãe.) Mãe! Tome os seus remédios! (Ri, encantada.) Fica com Deus. E tome os seus remédios! Sai daqui!!! (Pára. Olha bem firme nos olhos dele.) Opu or um acaso você achava que eu lhe daria o direito de participar da minha última cena?!!! (Extremamente ríspida.) Sai daqui!! Vai!!! Desce desse ônibus!!! (Enfrenta.) Será que você não entende?!!! (Bate no peito.) Eu assumo um crime que é seu!! (Desafia.) E você não faz o mínimo esforço?!!! (Pausa.) É fácil, né? Seduzir é muito fácil!! (Séria.) Difícil é olhar pra tua cara e sentir algum amor!! Porque você é podre! (Rápida.) Agora sai daqui seu escroto do caralho, que eu vou terminar isso sozinha!

Ágil, senta-se em seu lugar. Delicadamente, ela ajeita a renda na cabeça, e se assusta com o que vê, confunde fatos, memórias e alucinações. Desconfia dos sentidos. Tenciona o corpo até as lágrimas escorrerem, alheias e independentes. Seu amigo oferece-lhe um chá e diz que o chá estava envenenado. ¨Eu já estou morta mesmo¨ Irina lhe responde. O homem morre na sua frente. Ela junta, cuidadosamente as roupas e toma os cabelos dele para si. As tranças, então, caem-lhe pelos ombros, dando-lhe um ar infantil.

Luiz

Lateral esquerda (música?)

4) Emboscada - O homem psíquico entrega as alianças para o dono do
circo, como se desse a este a sua mulher. O dono do circo hesita, mas
é lançado para a ação pelas mãos do homempsíquico. O dono do circo
bate na porta e a giganta abre. O dono do circo hesita em ir ao
encontro dela, mas não consegue resistir. Giganta começa a tirar as
roupas do dono do circo. O Homem psiquíco fecha a porta
violentamente. O Homem psíquico abre a porta e pega o dono do circo
semi nu. O homem psúico desliga o som e aponta uma faca para os dois.
Giganta tenta convencê-lo a não matar ninguém. O Homem psiquico
desaba em choro. Giganta manda o dono do circo fugir, mas o Homem
psíquico impede esta fuga e ordena que a mulher giganta mate o seu
amado- o dono do circo- como prova de amor. A giganta mata o dono do
circo sufocado.

Camila – Anúncio da Morte das três cabeças.

Área do cobrador

Cena 25 – espaço 1

Frente do ônibus

TRANS - (Cantando) Não tire da minha mão este copo, não pense em mim quando eu calo de dor, olha meus olhos repletos de ânsia e de amor. Não se perturbe nem fique a vontade, tira do corpo esta roupa e maldade. Venha de manso ouvir o que eu tenho a contar não é muito nem pouco eu diria, não é pra rir mas nem sério seria. É só uma gota de sangue em forma verbal...

FILÓSOFO - Somos os fazedores de música, e somos os sonhadores de sonhos... Mas somos os movimentadores e agitadores. Do mundo para sempre, parece. Nós, repousando nas eras, No passado sepultado da terra, construímos Nínive com nosso suspirar, E a própria Babel com nosso riso; E as derrubamos com profecias Do antigo para o valor do mundo novo; Pois cada era é um sonho moribundo, ou um que está para nascer.

PADRE - Naquele tempo disse Jesus: “Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não poderá subsistir”.

TRANS - Naquele tempo disse Jesus: Antes de tirar o cisco que está no olho do teu irmão retire a trave que está dentro do teu. “Atention, atention votre atention si vous plais: la petite Sabine de pluis atend ce moment au bureau de renseignment porte quatre merci. Mind the gap”. Nunca matei ninguém, nunca! Mas por falta de coragem ou de tempo e não por falta de querer. Hoje mesmo aqui ho...quatro balas de uma rajada de submetralhadora nove milímetros destruiriam um crânio. Outras seis um tórax, e outras mais as pernas.

FILÓSOFO - Agora que os ânimos se alteraram, vou preparar um chá! Estão servidos?

TRANS - Claro eu aceito! (levanta e toma o chá).

PADRE - Vamos refrescar as idéias! (também toma).

TRANS - Ah! Eu não vejo a hora de entrar numa sala de cirurgia, toda de azul e ver o cirurgião que como o lenhador vai tirar a vovozinha de dentro desta minha natureza de lobo! A liberdade virá e a vovó viverá feliz para sempre!

PADRE - Nossa natureza está condenada, ainda que operada estaremos sempre a margem, a escória. Nunca nos aceitarão e o nosso destino será o suicídio!

FILÓSOFO - Não isto não será preciso, porque agora mesmo já estamos morrendo. Este chá está envenenado. Tudo será resolvido da melhor forma. (retira a peruca e a roupa) e declama:

Eu sei que determinada rua que eu já passei, não tornará a ouvir o som dos meus passos, tem uma revista que eu guardo há muitos anos e que nunca mais eu vou abrir, cada vez que eu me despeço de uma pessoa pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela ultima vez. A morte, surda, caminha ao meu lado e eu não sei em que esquina ela vai me beijar, com que rosto ela virá? Será que ela vai deixar eu acabar o que tenho que fazer? Ou será que ela vai me pegar no meio de um copo de chá? Ó morte, tu que és tão forte/ que matas o gato, o rato e o homem / vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar / que seja assim... (olha para o lado direito e entra o anjo da morte vestido de cirurgião) que seja assim de azul, (abraça o anjo e diz) você veio? (cai nos braços do anjo que diz) A dose foi fatal.

Cândida

Área do motorista

E um estranho pressentimento o possuiu

Que seria exatamente nesta noite o seu dia

Antes que todos os relógios marcassem meia-noite

O negro vulto o carregaria para outro lugar

E as noticias ouvidas pelo rádio

E as imagens vista pela televisão

Aumentavam, contribuíam

Mais e mais

Com a largura do seu desespero

Com os instantes finais de sua dor e agonia

E as gotas de sangue

Rapidamente corriam

Levando a lavada alegria

E o grande empresário

Que havia feito muito mal a muita gente

Reconheceu a desgraça que fora a sua vida

E com as mãos em sinal de prece

Chorou

Implorou a Deus

Que uma chance de salvar a sua alma

Este grande ser lhe desse

E mais uma vez o Homem-Velho pressentiu

Que se quisesse realmente a sua alma salvar

O filho Bastardo teria que enfrentar

Quando a porta da sala foi aberta

O Rei-do-Aço, O grande Empresário, O Espírito cansado

Sabia quem era

Conhecendo tudo o que iria acontecer

Pois fazia muitos anos que estava ali

Esperando, aguardando, espreitando

Aquela visita

Um pretenso sucessor

Devido as evidencias dos fatos

Tinha plena consciência

Que ali seria o fim

E quando a figura sinistra entrou

Toda vestida de preto

E prontamente

Sem reservas disse o que queria

E as suas intenções logo mostrou

Veio tomar o seu lugar

Veio tomar o seu poder

Não existindo o não-querer

Mas como todo filho

Quer ser filho

E chamou o nome do Pai

Mas o Homem-Velho esperto como era

Afinal muita gente matou

Fingiu, como todo ator

Estar quase sem forças

E cambaleando

Da grande poltrona

O peso do corpo tirou

Olhou nos olhos

Daquele não reconhecido como filho

E o chamou de traidor

E com a ponta da lança

Com a língua em ardente chama

Bradou

“ Bastardo!

Eu o Rei-do-Aço

Não darei o meu lugar

A um viciado

Traidor”

Mas o Bastardo

Figura negra que era

Com os olhos feito água

E com a mão tremula

Puxou, sem hesitar

O revolver do bolso esquerdo

E para o Pai

O Bastardo apontou

O Homem-Velho apesar de sabido

Foi finalmente surpreendido

E os olhos arregalou

E num espanto

E num terror

Em desespero, em prato

Com a rapidez do relâmpago

Pegou com força o punhal

Que descansava a hora cheia

Sobre a mesa

E o primeiro tiro, no ombro, de raspão passou

E forte como ainda era

Num grito de guerra

Foi para cima do filho

E o apunhalou, o apunhalou, o apunhalou

Um golpe certeiro

Bem no fundo do peito

Nenhum sentido escondido

Nenhuma culpa

Criou no coração

E num movimento convulso

De modo agitado, confuso

Com a arma em punho

Três tiros o velho levou

E Pai e Filho

Envoltos do branco

Cobertos de sangue

Num forte abraço apertado

O Anjo da Morte os levou

Rejane ¨A CARTA¨

Área do motorista

Levanta-se com a carta na mão, em evidência. Absolutamente parada, revela o conteúdo da carta. O olhar forte, apoiado na verdade das palavras.

Meu anjo! Flávia! Se Deus colocou na mesma cama mãe e filha, se Deus trouxe esse homem, esse Pedro, não será pelo último fio de esperança de eu o ter novamente em meus braços depois de dezessete anos que assumirei uma culpa que não é minha filha, mas por você, minha filha! Mas não se esqueça, filha, de que o seu verdadeiro pai é este, o Pedro vivo, o homem que entrou pela porta da nossa casa depois de dezessete anos e que, no mesmo instante eu reconheci, o homem que em legitima defesa acabou por matar Pedro, o meu marido, o Pedro morto, o que não é o seu pai, minha filha! E não se esqueça, que por mais que você ame este homem, por mais que você o adore, você precisa lhe dizer a verdade, como eu disse para o Pedro morto, e foi por isso que aconteceu o que aconteceu! A verdade queima!!! Mas você, você precisa saber como lhe dizer! (Sem interrupção.) Olhe pra você Flávia! Você está machucada! Larga desse homem minha filha, ele te machuca! (Num acesso.) Ele te bate, te prende, te amarra te solta, te rasga, te choca, te mata! Pelo amor de Deus Flávia! Larga esse homem minha filha! (Cada vez mais envolvida.) Larga esse homem! (Entrega a carta para a Motorista.) Entrega essa carta para a minha filha pelo amor de Deus! (E senta-se.) Você precisa, Flávia. Você precisa.

Na sua frente, uma garota da idade de Flávia faz uma streape. Ela se choca e faz de tudo para não olhar, mas algo no interior do seu corpo se contorce. Com a renda branca ela seca o suor, ao mesmo tempo que se acaricia. E apesar do seu absoluto controle, o desejo toma conta do seu corpo, até a dança da menina, tragicamente, chegar ao fim.

Camila

Área do cobrador

Sandra

MÚSICA:

Frente do ônibus luz vermelha na frente..

Ela entra trazendo trazendo para a cena uma cadeira. Dança de forma sensual e cansada com a cadeira. Quando o ritmo da dança sai do controle ele entra e abre seu sobretudo, exibindo todo tipo de objetos para que ela escolha um. Ela aponta uma tesoura de poda e a recebe em alegria desvairada. Inicia-se uma nova dança que culmina na ameaça de cortar os próprios pés.

Apagam-se as luzes

MÚSICA:

Lateral direita com um foco pequeno de luz

Ele aparece gargalhando com o mesmo par de sapatos como marionetes de fio.

Camila

Área do cobrador

Rejane - ¨O FINAL DE IRINA¨

Área do motorista. As duas celinas entram pelo corredor e atiram contra Irina.

Irina levanta-se, fazendo a sua tradicional reverência a Pedro, que acaba de chegar e, com alegria, ensaia a sua dança sensual. Pela última vez.

Eu abaixo a cabeça e sorrio, suavemente, ao ver Pedro entrar. (Gira em torno do seu próprio corpo, exibindo-o.) Ele observa o corpo de mulher! (Dá um passo.) Volto-me para ele, convidativa! (Desenha com o braço um gesto no ar.) Tem pão, frutas, queijo, está uma delícia! (Escorre a mão pelo corpo, começando pela boca, como se fosse uma vampira.) Me ajuda, meu amor! (Ele se aproxima. Ela respira ofegante. O ar entra e sai de seus pulmões provocando um barulho estranho, quase um gemido, quase um ganido.) Ele vem até mim! Eu o acompanho com os olhos! E me assusto com a onda de calor que me invade o meu corpo! Respiro ofegante! Nós dois respiramos fundo e nos sentamos. (Senta-se. E se vira, rapidamente.) Me desculpem, mas já não posso mais! (Num gesto brusco, espalma a mão na altura dos olhos.) Vejo a mão de Pedro se aproximar da minha e, sutilmente, a afasto, sorrindo. (E, em seguida, puxa-o para perto de si, aproximando os seus lábios dos dele.) Aproximo os meus lábios dos dele! (Extasiada, observa-o.) Seu corpo forte, masculino. A barba por fazer. Os cabelos revoltos. Os olhos profundos, de menino. Os lábios carnudos. É tão doce! (Abaixa a cabeça.) Abaixo a cabeça, torturada. E não é meu! (Levanta-se, de repente, com os braços em gestos.) Levanto-me impetuosa. (Vira-se e dá um passo. Abaixa-se e enlaça Pedro para um eijo cinematográfico.) Os dois se beijam! (Desequilibra-se e se assusta.) Ahhhh!! Nós não podíamos! (Olha para o fundo do ônibus e assusta-se com a presença de Flávia.) Flávia!!! (Contundente, faz um gesto de silêncio.) Schhhhh!! Silêncio!! Vamos fazer silêncio!!! Vou contar-lhes como Flávia desempenhou com exatidão seu último papel... (Olhando Flávia nos olhos) ... o de assassina da sua própria mãe! (Pausa.) Flávia entrou por aquela porta e me olhou nos olhos. (Com as pontas dos dedos, Irina começa a acariciar a máscara do rosto.) Há um demônio que toma o corpo da gente, quem age não sou eu, faz o que você tem que fazer e foge, minha filha, os homens, eles estão vindo aí, em você estão todas as minhas marcas, procura ter uma vida mais feliz que a minha, os homens, minha filha, eles nascem. Nós nos aproximamos devagar... Ela me olhou fundo nos olhos... E deu dois tiros... Eu caí em seus braços.

Petrificada, Irina olha o céu. Com as pontas dos dedos acaricia a máscara do rosto, e cai para trás, nos braços de um anjo.

Luiz

Lateral esquerda, som de vento.

6) Castigo - A atração do circo, o morto marionete.

Camila

Área do cobrador

Chico

Lateral esquerda, música, projeção

Após mil evoluções, ele resolve sair do quarto. Veste uma roupa de frio, abre a porta e convida a fada a acompanhá-lo. Saem para outro ambiente. Com um sol brilhante. Ele fica frustrado com a luz, queria neve. Ela se afasta dele. Contra o projetor ela caminha na direção do palanquinho, onde ele está, e vai liberando uma imagem que se assemelha a neve, uma luz branca......ela sobe o palanque, e assopra mais pó nele, que se entusiasma mais e mais, o pó acaba. Eles se olham, ela o agarra e o beija, junto com projeções de beijos famosos. Ele morre lentamente e ela abandona-o no chão. Como um vampiro, está pronta para morde-lo quando percebe o Papai Noel cantando na casa. Ela volta, pega-o e o desliga, e sai com ele, deixando o cara morto.

Cândida

Área do motorista

Luzes, buzinas, faróis de milha, neblina

Policia, sirene, ambulância perdida

Olharam

Viram

Sangue na pele

Sangue no pêlo

Sangue em espécie

Sangue no espelho

Sangue no bolso

Sangue na mão

Sangue que no tapete

Rouba a vida do chão

Crash

Todos os personagens correm desordenadamente ao redor do ônibus com muito barulho no fundo. Caem todos. Ouve-se a música do Papai

Nenhum comentário: