terça-feira, 16 de setembro de 2008

GEUP – ESCOLA DA VIDA - CRÕNICA

Éramos rodos adolescentes/crianças. Não víamos televisão e nem jogávamos videogame. Tínhamos tempo para conversar, para planejar, enfim, para vivermos socialmente. A sede do GEUP era dentro da Escola, do Washington Luis. Nas suas dependências uma turbulência de estudantes. Ali eram feitas as carterinhas para todos os sócios, eram planejados os campeonatos de todas as modalidades esportivas, desde o Futebol de Salão até o Xadrez. Ali eram delineadas as estratégicas para a participação na Brascol e nos jogos Estuidantis. Ali eram escritos os roteiros para o Programa Estudantil que acontecia aos sábados à tarde. As eleições eram disputadíssimas. As campanhas com música, flâmula, e visitas às classes. A Escola parava para ver a democracia passar.

Éramos todos adolescentes/crianças que brincávamos de aprender a cidadania. Ideologicamente, éramos contra qualquer tipo de opressão e de discriminação.

Éramos contra qualquer forma de morte e buscávamos sempre a vida. Bebíamos um pouco, de vez em quando e era só. Bailes todos os domingos no Itapety Clube. As famosas matinês dançantes. Ali acontecia os namoros, os agarros, os beijos, tudo ao som “The Platers”, do Paul Anka, da Bossa Nova, do Elvis, do Nat King Cole e da Banda Hi-Fi Mogiana. Nós nos víamos o tempo todo: na escola, na fanfarra, nas quadras, nos bailes, nas ruas e nos cinemas. Não cansávamos de nos ver e de nos curtir. Era a nossa vida planejada e executada por nós mesmos. Era o desafio e o prazer. Numa época sombria, a polícia começou a entrar no Washington Luís e a retirar os alunos de dentro da sala de aula, na frente de seus professores, para levá-los para a cadeia. Época da ditadura. Viramos marginais. O GEUP foi extirpado. Cortaram todas as suas raízes. Morreu. Naqueles tempos sombrios o GEUP não podia existir mesmo. Pois como já dissemos, nós do GEUP, do Washington Luís, os estudantes da cidade de Mogi das Cruzes éramos avessos a toda forma de morte... nós buscávamos a vida.

ARMANDO SÉRGIO DA SILVA

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