ANJOS
DA CIDADE VIVA
UM PÉ
NA REALIDADE E UM PÉ NA FICÇÃO.
Um hospital de alto padrão. Um pouco assustado: - O que
houve doutor?
-Você sofreu um grave acidente na estrada de Mogi/Bertioga, era
muito perigosa, hoje diminuiu em 98%.
-Há quanto tempo estou aqui?
- Desde dezembro de
2012.
- Que dia é hoje doutor?
-12 de dezembro de 2016.
-Estou curado?
- Sim... Quase um milagre!
- Posso sair?
Doutor: Sim... Mas vai se assustar. Pessoas muito
competentes mudaram totalmente Mogi das Cruzes. São chamados de “Anjos da
Cidade”. Iniciaram em janeiro de 2013.
Um vento forte abre a janela do quarto. Dois pássaros
pegam-me pelos braços e levam-me para o centro da cidade.
Avenida dos Bancos... Carros,
educadamente, param nas faixas de pedestres. O centro está tranquilo. Comerciantes
sorriem e vendem com pujança. Os garotos correm em bandos alegres para as
escolas. Em sobressalto pergunto a uma senhora:
- Onde está a multidão que eu vi
anos atrás? Aquele trânsito infernal!
Ela sorriu e disse:
- O senhor não sabe que foram feitos
grandes investimentos nos bairros? Hoje são autônomos. Só vem ao centro quem
quer.
Fiquei boquiaberto olhando para a
senhora com um rosto de paisagem.
Vejo uma faixa fenomenal: “Hoje! Grande Comemoração pelo Prêmio de Produção
Nacional Conferido a Indústria Mogiana conveniada com as Fundações de Pesquisa
das duas Universidades locais”.
Rua José Bonifácio... Policiais,
sem arma no coldre, ajudam alguns idosos e deficientes a atravessarem as ruas.
Uma criança corre em direção a um jovem policial e o beija. Que imagem
emocionante! A rua sem placas
poluidoras e, principalmente, sem aquele emaranhado de fios elétricos...
Linda... Os passeios cobertos por um tapete vermelho de veludo.
Centro Histórico... Uma
advertência: “Proibido para veículos”.
Um silêncio gostoso entrecortado pelo murmúrio dos artistas produzindo ao ar
livre. Os monumentos e as casas impecavelmente restaurados. Em cada lugar noto referências
históricas através de textos ou de imagens. Os jovens alegres e seus professores
se divertem pelas ruas, aprendendo sobre a história da cidade... O centro
transformou-se em “MUSEU AO AR LIVRE”.
Os pássaros, como se fossem
guias, levam-me até a margem do Rio Tiete. Vejo espécie de praia apinhada de
jovens, que nadam naquelas águas límpidas. O rio que, antes, dera-me nojo.
Levam-me até um pavilhão
agrícola. Os produtores comentam, entre si, que jamais alcançaram tamanha
qualidade e quantidade de produção. Forneciam essa preciosidade para merenda
escolar que, pelo sétimo ano, foi considerada uma das melhores do país.
Finalmente, voo sobre o Centro
Cultural e Educacional de Mogi das Cruzes, suas imponentes torres com os sinos
badalando, ao anunciando os eventos. Nas salas jovens, estudando artes para
depois formarem grupos de expressão em suas comunidades. Choro de emoção!
Sento-me, sem fôlego, num banco em um dos inúmeros novos jardins da cidade... Um
por do sol maravilhoso descortina-se na Serra do Itapety. Alguns anjos voam
sobre a minha cabeça e depois pousam, na Cruz do Século!
No mesmo hospital.
Atendente: Doutor tem ai um
senhor que disse precisar de internação.
- O que é que ele tem?
- Diz que anda vendo miragens...
Está com muito medo.
Armando Sérgio da Silva
Primavera/Verão de 2012
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