quinta-feira, 15 de maio de 2014

ANJOS DA CIDADE VIVA



ANJOS DA CIDADE VIVA

UM PÉ NA REALIDADE E UM PÉ NA FICÇÃO.

Um hospital de alto padrão. Um pouco assustado: - O que houve doutor?
-Você sofreu um grave acidente na estrada de Mogi/Bertioga, era muito perigosa, hoje diminuiu em 98%.
-Há quanto tempo estou aqui?
 - Desde dezembro de 2012.
- Que dia é hoje doutor?
-12 de dezembro de 2016.
-Estou curado?
- Sim... Quase um milagre!
- Posso sair?
Doutor: Sim... Mas vai se assustar. Pessoas muito competentes mudaram totalmente Mogi das Cruzes. São chamados de “Anjos da Cidade”. Iniciaram em janeiro de 2013.
Um vento forte abre a janela do quarto. Dois pássaros pegam-me pelos braços e levam-me para o centro da cidade.
Avenida dos Bancos... Carros, educadamente, param nas faixas de pedestres. O centro está tranquilo. Comerciantes sorriem e vendem com pujança. Os garotos correm em bandos alegres para as escolas. Em sobressalto pergunto a uma senhora:
- Onde está a multidão que eu vi anos atrás? Aquele trânsito infernal!
Ela sorriu e disse:
- O senhor não sabe que foram feitos grandes investimentos nos bairros? Hoje são autônomos. Só vem ao centro quem quer.
Fiquei boquiaberto olhando para a senhora com um rosto de paisagem.
Vejo uma faixa fenomenal: “Hoje! Grande Comemoração pelo Prêmio de Produção Nacional Conferido a Indústria Mogiana conveniada com as Fundações de Pesquisa das duas Universidades locais”.
Rua José Bonifácio... Policiais, sem arma no coldre, ajudam alguns idosos e deficientes a atravessarem as ruas. Uma criança corre em direção a um jovem policial e o beija. Que imagem emocionante! A rua sem placas poluidoras e, principalmente, sem aquele emaranhado de fios elétricos... Linda... Os passeios cobertos por um tapete vermelho de veludo.
Centro Histórico... Uma advertência: “Proibido para veículos”. Um silêncio gostoso entrecortado pelo murmúrio dos artistas produzindo ao ar livre. Os monumentos e as casas impecavelmente restaurados. Em cada lugar noto referências históricas através de textos ou de imagens. Os jovens alegres e seus professores se divertem pelas ruas, aprendendo sobre a história da cidade... O centro transformou-se em  “MUSEU AO AR LIVRE”.
Os pássaros, como se fossem guias, levam-me até a margem do Rio Tiete. Vejo espécie de praia apinhada de jovens, que nadam naquelas águas límpidas. O rio que, antes, dera-me nojo.
Levam-me até um pavilhão agrícola. Os produtores comentam, entre si, que jamais alcançaram tamanha qualidade e quantidade de produção. Forneciam essa preciosidade para merenda escolar que, pelo sétimo ano, foi considerada uma das melhores do país.
Finalmente, voo sobre o Centro Cultural e Educacional de Mogi das Cruzes, suas imponentes torres com os sinos badalando, ao anunciando os eventos. Nas salas jovens, estudando artes para depois formarem grupos de expressão em suas comunidades. Choro de emoção! Sento-me, sem fôlego, num banco em um dos inúmeros novos jardins da cidade... Um por do sol maravilhoso descortina-se na Serra do Itapety. Alguns anjos voam sobre a minha cabeça e depois pousam, na Cruz do Século!
No mesmo hospital.
Atendente: Doutor tem ai um senhor que disse precisar de internação.
- O que é que ele tem?
- Diz que anda vendo miragens... Está com muito medo.


Armando Sérgio da Silva
Primavera/Verão de 2012



Nenhum comentário: