PAPAI
NOEL O ANO INTEIRO
– ARMANDO SÉRGIO
Pedrinho queria ter um Papai Noel. Exatamente como
todos os papais-noéis... feliz, bondoso, gordo e muito otimista. Ele via as
propagandas de brinquedos na TV e sonhava.
Quanta coisa bonita que Deus tinha feito para as crianças. Na sua caminha,
quando caia a noite, ele rezava para que aquele velhinho, pelo menos uma vez
por ano, fosse seu pai. Escreveu cartas para o céu, chegou até pedir uma
ligação a cobrar que a telefonista chata não completou.
Um
dia, sem mais saber o que fazer saiu pelas ruas. Quase desmaiou quando viu o
Papai Noel na frente de uma loja maravilhosa. Seu coração bateu e bateu, com
muita força. Era um Papai Noel gordo, bondoso, sorridente, exatamente como ele
tinha visto na televisão. Aproximou-se um tanto receoso, mas profundamente
emocionado e disse tremendo ao seu ouvido: - Você quer ser meu pai?
O velhinho olhou confuso e não disse uma
palavra, apenas deu-lhe um pirulito de groselha. No seu raciocínio de criança
pensou... ”se ele me deu o pirulito é porque aceitou ser meu pai”. Saiu
dançando pela rua, até a sua casa.
Ele já sabia, de cor, como preparar o ambiente
para receber o papai-noel. Tinha visto na TV, aquela cena, centenas de vezes. Na
noite do Natal ele fez tudo certinho e com muito cuidado...
Deixou
a janela entreaberta, dependurou a sua melhor meia e o seu melhor sapato no
beiral e enfeitou, com flores um pequeno arbusto que apanhara perto de casa.
Apagou
as luzes e ficou solitário em seu quartinho esperando com os olhos arregalados de emoção... As horas foram passando e lá
pelas tantas da madrugada dormiu, depois de chorar baixinho e molhar com
lágrimas o seu travesseiro pequeno...
De
manhã acordou e deu com seu verdadeiro pai olhando para si... Era um pai magro,
com o rosto triste e cansado.. Rapidamente olhou para as suas mãos mas elas
estavam vazias... sem nenhum presente. Naquele momento, dos olhos do filho e do
pai, caíram algumas lágrimas. De repente Pedrinho jogou-se em direção ao pai e
lhe deu um grande abraço com todas as forças que os seus bracinhos permitiam...
Sentiu no seu rosto o toque de alguns fiapos de algodão, viu no chão uma roupa
vermelha, um gorro e travesseiros que haviam servido de recheio. Compreendeu então que seu pai trabalhara a
noite inteira naquela loja maravilhosa, vestido de papai-noel para ele pudesse
continuar vivendo, estudando.
Daquele
dia em diante aquela criança de seis anos deixou de ser criança, o que foi uma
pena. Não sonhou mais com o papai-noel de mentira veiculado pela TV.
Agora todos os dias,
antes de dormir, dá um beijo de amor em seu papai-noel magrinho, mas Papai Noel
do ano inteiro.
No
seu primeiro dia de aula, a professora
perguntou:
Qual
é o nome do seu pai?
Pedrinho,
sem titubear, gritou do fundo da sala com todo orgulho desse mundo:
O
nome do meu pai é Papai-noel. Está desempregado, mas trabalha, uma vez por ano,
na maior loja da cidade. Todas as crianças da classe aplaudiram e gritaram o
nome de Pedrinho. E eu também não posso deixar de bater palmas para VC
Pedrinho... (palmas) Você representa a maioria das crianças deste país!
É isso
ai, Feliz Natal a todos!
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