Armando
Sérgio da Silva
Tive uma espécie de estalo de minha imaginação a respeito do grito de “È
pique! É pique!” nas comemorações de aniversário.
Primeiro vou relatar sobre a possível origem histórica do “È pique! É pique!”,
segundo postagem de Gabriel
Perissé no seu blog PALAVRAS E ORIGENS* Depois vou falar da minha imaginação,
para que o leitor possa comparar e decidir sobre qual conteúdo irá preencher
sua mente no momento de um aniversário.
Segundo
o autor (...) esse bordão "é pique, é pique, é hora, é hora".
Tudo isso viria do ambiente estudantil da Faculdade de Direito do largo de São
Francisco, em São Paulo.
Naquele tempo, na década de 1930, "é pique, é pique" teria sido uma saudação jocosa ao estudante Ubirajara Martins, conhecido pelo apelido de "pique-pique", porque vivia aparando barba e bigode com uma tesourinha. O "é hora, é hora" teria sido um grito de guerra de botequim, criado pelos estudantes para pedir uma nova rodada de cerveja, depois de transcorrido o tempo suficiente para que a bebida gelasse em contato com as barras de gelo.
O "rá-tim-bum" (explicação meio bizarra...) teria sido uma referência a um certo rajá indiano chamado Timbum (ou coisa que o valha). O rajá, em visita à faculdade, virou motivo de outra brincadeira de botequim. Os alunos de Direito, lá reunidos, comemoravam fosse o que fosse gritando — "É pique-pique, pique-pique, é hora, é hora, é hora... rajá... tim... bum!".
Naquele tempo, na década de 1930, "é pique, é pique" teria sido uma saudação jocosa ao estudante Ubirajara Martins, conhecido pelo apelido de "pique-pique", porque vivia aparando barba e bigode com uma tesourinha. O "é hora, é hora" teria sido um grito de guerra de botequim, criado pelos estudantes para pedir uma nova rodada de cerveja, depois de transcorrido o tempo suficiente para que a bebida gelasse em contato com as barras de gelo.
O "rá-tim-bum" (explicação meio bizarra...) teria sido uma referência a um certo rajá indiano chamado Timbum (ou coisa que o valha). O rajá, em visita à faculdade, virou motivo de outra brincadeira de botequim. Os alunos de Direito, lá reunidos, comemoravam fosse o que fosse gritando — "É pique-pique, pique-pique, é hora, é hora, é hora... rajá... tim... bum!".
Dia 12 de
maio de 2013... Estou sentado na antessala do centro cirúrgico esperando o
nascimento de meu neto, um parto normal e bastante demorado. Feliz coincidência
eu havia nascido no mesmo hospital Pró-Matre...Toda a família ansiosa
aguardava, até que meu filho trouxe o menino no envidraçado no qual tínhamos,
todos, os olhares fixos. Abraçamos-nos e choramos ao ver o nenê sadio, lindo e
ainda bastante vermelhinho pela força que acabara de fazer. Foi levado para mãe
e ficamos ali boquejando como sempre... Parece com a mãe, com o pai, com o
avô...Minha filha mais que depressa....é a cara da tia. Na verdade ele era a
cara de todos nós, corujas e apaixonados!Ainda me lembro de que comentei com
minha esposa: Que parto difícil foram muitos pontos cirúrgicos? Ela me disse: É
comum nos partos naturais que se dê pelos menos dois piques na parturiente.
A
conversa foi diminuindo e aos poucos todos foram saindo para esperar a mãe no
quarto.Eu fui andar um pouco, ao ar livre. Foi exatamente neste momento que
tive, quase que, uma explosão imaginária da qual falei no início desta crônica.Meu
Deus a saudação de aniversário é a descrição de um parto! Tudo por causa dos
piques a que se referiu minha esposa...
Vejamos!
Todos nos ali esperando torcendo para que em vez de nada, aparecesse tudo... Será
que o nenê não vai aparecer atrás do vidro, não veremos nada? Nada o que! Nós queremos tudo. Queremos vê-lo agora...
Tudo!
Essa é a
primeira frase da saudação...
E PRA
FULANO DE TAL NADA?...TUDO! E PRO NENÊ NADA?... TUDO!
Como será
que é ou está sendo dentro do centro cirúrgico?
É a
segunda frase da saudação...
E COMO É
QUE É? E COMO É QUE É?
Aí vêm os
“piques”. Não só os cortes, mas o ritmo da respiração... A parturiente tem que
respirar num ritmo, cada vez mais acelerado, para a concretização do
nascimento.
A
terceira parte:
É
PÍQUE!...É PIQUE!... É PIQUE! PIQUE! PIQUE!
A
continuação é evidente, após os piques com a facilitação do nascimento, médico,
enfermeiras, quem estiver olhando, vai certamente dizer ou pensar...
É HORA...
É HORA...É HORA! HORA1 HORA!
Finalmente
o grande momento de felicidade! Nada mais parecido do que a quarta parte da
saudação...
RA... TIM...BUM....
Nesse
momento todos, como nas festas de aniversário, eufóricos gritam o nome do
nenê...
Naquele
12 de maio de 2013 foi... NANDO! NANDO! NANDO! NANDO!
Caros leitores!
Vocês podem no momento em que tiverem gritando o “pique, pique” numa
festa pensar no “estudante que vivia aparando barba e
bigode com uma tesourinha”, ou na versão de minha
imaginação.
Nem sempre a historia é mais importante, mais emocionante, mais significante
do que a nossa imaginação. Principalmente se as imagens nascem num momento
privilegiado e possuem um conteúdo pleno de consistência.De minha parte em todo
o aniversário que eu comparecer, vou me lembrar da história do nascimento do
homenageado tenha a idade que tiver... Afinal não é exatamente o momento do seu
parto que estamos comemorando?
Esta crônica é uma homenagem ao meu querido neto Nando.... com muito
amor!
Outono
de 2013
*Pesquisa feita a partir do Suplemento
da prestigiosa Revista Pesquisa FAPESP n. 102, de agosto de
2004 (págs., 57-8), na matéria "O Brasil que as
Arcadas vislumbraram", assinada por Fabrício Marques.
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